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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

Folhados de verão com cobertura de crumble

O calor só dá vontade de fazer receitas que usem fruta da época. Lá em casa tenho um dilema: tudo o que sejam frutas cozidas, assadas ou afetadas por qualquer tipo de temperatura que não seja a ambiente, não passam na goela do meu cônjuge. Mas eu queria usar uns bonitos pêssegos que comprei no mercado local e ignorei os desejos do meu mais-que-tudo.

 

Num ataque de improviso, saíram estes folhados, com recheio de pêssego e cobertura de crumble. Podem fazê-los com qualquer outra fruta da época. E, prometo, não demora nada.

 

Ingredientes:

1 embalagem de 6 quadrados de massa folhada (poupa tempo e suor)

3 pêssegos moderadamente maduros (sumarentos mas sem se desfazer)

1 c. sopa de farinha

1 c. sopa de açúcar

Raspa de meia laranja

Sumo de meia laranja

 

Cobertura de crumble:

1/4 chávena de farinha

1/4 chávena de açúcar

1 c. chá de canela em pó

100 gr. de manteiga (fria, cortada aos bocadinhos)

 

Mantive a massa folhada no frigorífico até ao último momento. Ela deve estar fria quando entrar no forno para que o folhado suba o máximo possível.

Numa tigela coloquei os pêssegos descascados e cortados às fatias, o sumo e a raspa de laranja, a colher de sopa de açúcar, a colher de sopa de farinha e envolvi com cuidado. Esta mistura com os pêssegos vai permitir criar uma espécie de molho espesso, quando os folhados forem ao forno.

 

Noutra tigela, coloquei todos os ingredientes para a cobertura de crumble e fui misturando com uma faca, para não aquecer muito a manteiga. No fim, misturei com os dedos, até ter um preparado meio esmigalhado. Pus o crumble no frigorífico enquanto fiz o resto da receita.

 

Forrei um tabuleiro com papel vegetal e comecei o processo de montagem. É sempre o mesmo e pode haver freestyle no formato. Coloquei os quadrados de massa folhada, dividi a mistura de pêssegos pelos seis quadrados (cuidado para não encher demasiado).

 

Agora, é tempo de cobrir com o crumble. Divida a mistura por todos folhados. Não precisa de ser perfeccionista, se se escapar um bocadinho para fora do folhado, vai ficar ainda mais tostadinho no forno.

 

Depois disto, só tem de dobrar os cantos dos quadrados de massa folhada por cima do recheio e cobertura de crumble. Leve os cantos até ao centro e depois volte a dobrar um bocadinho para fora, para que o recheio e crumble fique quase todo à vista (podem ver como fiz na imagem).

 

Leve ao forno a 180º até ficar tudo dourado (mais ou menos 15/20 minutos).

 

Para comer ainda morninho e, se a gulodice apertar, com uma bola de gelado de baunilha a acompanhar.

Tarte de Chocolate e Caramelo Salgado

Eu sei, eu sei..."Lá vem o Quanto Mais Quente Melhor dar cabo da dieta à malta", pensam vocês. E vem, digo eu. Mas vale bem a pena.

 

Esta tarte é coisa de gente crescida. A base amanteigada de cacau e amêndoa recebe um recheio de caramelo salgado e uma cobertura de ganache de chocolate salpicada com flor de sal que vão deixar um fio de baba a escorrer-vos pela cara.

 

Os miúdos lá de casa podem achar que a conjugação de sabores é demasiado forte para os seus palatos. E é. Mas nós também não os chamámos para provar.

 

 

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Ingredientes:

(Para a base)

160 gr. farinha

30 gr. de amêndoa moída

30 gr. de cacau em pó

50 gr. de açúcar

1/4 de colher de chá de sal

110 gr. de manteiga fria cortada em pedaços

1 colher de chá de extrato de baunilha

1 ovo

1 a 2 colheres de sopa de água bem fria

 

(Para o caramelo)

300 gr. de açúcar

1/2 chávena de água

120 ml de natas

70 gr. de manteiga

1 colher de chá de sal

 

(Para a ganache de chocolate)

120 ml de natas

120 gr. de chocolate (70% de cacau)

 

Flor de sal q.b. para salpicar no topo

 

Comecemos pela base. Coloquem num robô de cozinha a farinha, a amêndoa, o cacau, o açúcar e o sal. Ponham o robô a funcionar até estar tudo misturado. Juntem a manteiga e liguem de novo o robô até a mistura se assemelhar a migalhas de pão. Juntem o ovo, a baunilha e a água (comecem por juntar apenas uma colher e ponham mais apenas se a massa ainda estiver seca) e misturem no robô até a massa começar a formar uma bola.

 

Se quiserem fazer a massa à mão, basta misturarem os ingredientes secos, juntar depois a manteiga e com um garfo ir misturando tudo. Finalmente, juntem o ovo, água e a baunilha e voltem a misturar com o garfo.

 

Formem uma bola com a massa (sem amassar), embrulhem-na em película aderente e levem-na ao frigorífico por pelo menos 30 minutos.

 

Passado esse tempo, untem uma tarteira com manteiga e aqueçam o forno a 180º. Estendam a massa com um rolo entre duas folhas de papel vegetal, retirem o papel de um lado, transfiram-na para a tarteira e, com cuidado, retirem o papel do outro lado. Aconcheguem a massa na tarteira e colem alguns pedaços que possam ter-se partido.

 

Cubram a massa com uma folha de papel vegetal e por cima coloquem feijão ou grão seco para que não suba durante a cozedura. Levem ao forno durante cerca de 15 minutos. Passado esse tempo, retirem do forno, tirem os pesos e a folha de papel vegetal e devolvam ao forno por mais 10 a 15 minutos, até estar firme.

 

Retirem e deixem arrefecer totalmente antes de desenformarem.

 

Entretanto, façam o caramelo: levem o açúcar e a água ao lume e deixem que se transformem num caramelo bem dourado (cuidado para não queimar e para não se queimarem). Assim que estiver feito o caramelo, retirem momentaneamente do lume e adicionem as natas. A mistura vai borbulhar que nem uma louca. Levem de novo ao lume por mais uns dois minutos, até estar tudo bem ligado. Já fora do fogão, juntem a manteiga e o sal e mexam até derreter.

 

Permitam que o caramelo arrefeça uns minutos. Desenformem a base e coloquem-na no prato de servir e deitem o caramelo por cima, espalhando bem para que cubra todos os cantinhos. Levem ao frigorífico por pelo menos uma hora.

 

Terminado esse tempo, levem as natas para a ganache ao lume. Assim que começarem a ferver, vertam-nas sobre o chocolate partido aos pedaços. Esperem um minuto (paciência, senhores, paciência) e mexam bem até o chocolate estar todo derretido.

 

Deitem a ganache por cima do caramelo e espalhem-na com uma espátula para que fique bem nivelada. Levem ao frigorífico por pelo menos duas horas ou durante a noite.

 

Antes de servirem, esperem até a tarte ficar à temperatura ambiente, salpiquem o topo com flor de sal e deixem que os gulosos lá de casa se deliciem.

Bolo Bundt de Chocolate (para fazer um brilharete)

Bundt parece um nome pomposo mas é apenas o título que geralmente se dá ao tipo de formas que oferecem este resultado final. O molde nasceu num bolo de fruta tradicional europeu (ali das zonas da Alemanha e Áustria) mas o nome Bundt foi popularizado por uma empresa que começou a fabricar formas destas nos EUA nos anos 50.

 

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Se não tiverem uma destas formas podem perfeitamente usar uma comum forma de buraco mas a verdade é que o brilho da ganache da cobertura fica ainda mais reluzente quando despejado em cima das curvas de um bolo saído de uma forma destas.

 

Este bolo não é só fogo de artifício no formato. Tem um ingrediente especial e pouco comum na nossa doçaria que lhe dá uma textura muito particular. É, sem dúvida, um bolo para impressionar os amigos. Vão ouvir interjeições de espanto quando olharem para ele e sons de alegria quando o provarem.

 

Ingredientes:

 

(para o bolo)

2 chávenas de farinha

1/2 chávena de cacau em pó

1 c. chá de bicarbonato de sódio

1 c. chá de pó royal

1 c. chá mal cheia de sal

1/2 chávena de leite

1/2 chávena de natas azedas (cá está o ingrediente especial, o sour cream, que já conseguem encontrar em cadeias como a Aldi ou no supermercado do El Corte Inglés)

225 gr de manteiga à temperatura ambiente

1 + 1/2 chávena de açúcar

4 ovos grandes

1 c. chá de extrato de baunilha

 

(para a cobertura)

85 gr de chocolate (70% cacau)

1/2 chávena de natas

2 c. sopa de manteiga

 

Comecem por untar a forma com manteiga e por aquecer o forno a 175º.

 

Misturem a farinha, o cacau, o sal, o bicarbonato de sódio e o pó royal numa tigela. À parte juntem o leite às natas azedas e envolvam.

 

Noutra tigela, batam o açúcar com a manteiga até a mistura estar fofa e esbranquiçada. Adicionem depois os ovos, um a um, batendo entre cada adição, e a baunilha.

 

Juntem depois com jeitinho a mistura de farinha e cacau em duas vezes, alternando com o preparado de leite e natas azedas, e começando e terminando com a mistura de farinha.

 

Coloquem o preparado na forma, alisem o topo, e levem ao forno por mais ou menos 45 minutos. Vão espreitando para ver se o palito sai limpo mas tenham cuidado para não o deixar cozer em demasia. Tentem tirá-lo um bocadinho mais mal do que bem cozido, assim fica muito mais húmido e pecaminoso.

 

Desenformem o bolo e deixem que arrefeça. Entretanto, preparem a cobertura. Levem as natas ao lume até começarem a ferver. Numa tigela, coloquem o chocolate partido em pedaços e deitem as natas acabadas de ferver em cima. Esperem um ou dois minutos, juntem a manteiga e mexam tudo bem até ficarem com um creme brilhante e quase pornográfico.

 

Deixem a mistura arrefecer um pouco até começar a ficar mais espessa. Finalmente, deitem-na por cima do bolo às colheradas, deixando que escorra pelos lados.

 

Sirvam aos amigos na certeza de que eles vão voltar para uma segunda fatia.

Panquecas de limão com framboesas e xarope de ácer

Não há pequeno-almoço mais americano do que uma pilha de panquecas douradas com xarope de ácer a escorrer por ali abaixo. Ok, o bacon e os "hash browns" são coisa tradicional nas terras do Tio Sam mas a panqueca é quase um símbolo nacional.

 

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Este fim de semana, acordei com vontade de fazer um pequeno-almoço um bocadinho mais demorado...e demorei-me nas panquecas. Não que percam muito tempo a fazê-las mas claro que tomam um pouco mais da vossa manhã de fim de semana do que umas simples torradas. Mas valem bem a pena o esforço.

 

As receitas de panquecas podem ter pequenas variações na base mas não diferem assim tanto entre si. Claro que há sempre forma de as elevar a outro patamar com alguns acrescentos simples.

 

Ingredientes (para 16 panquecas chorudas):

300 ml de leite

225 gr de farinha

2 ovos grandes (batidos)

30 gr de manteiga derretida

1 c. chá de açúcar

1 pitada de sal

1 c. sopa de fermento em pó

Raspa de um limão

Framboesas para acompanhar (ou outra fruta à vossa escolha)

Xarope de Ácer para cobrir (já se encontra facilmente em vários supermercados e hipermercados)

 

Coloquem os ingredientes secos dentro de uma tigela (farinha, açúcar, sal, fermento) e misturem-nos. Juntem a raspa de limão e mexam novamente.

 

Abram depois uma cova no centro da mistura seca e deitem lá para dentro os ovos batidos, o leite e a manteiga derretida. Envolvam até obterem uma massa sem homogénea mas não mexam demasiado, só mesmo até estar tudo ligado.

 

Transfiram a massa para um jarro ou um copo de medida, sem dúvida o instrumento mais útil neste processo todo. É muito mais fácil despejar as doses de massa para a frigideira do que a transportar até lá com uma concha.

 

Aqueçam uma frigideira antiaderente e derretam uma noz de manteiga. Quando estiver quente, deitem a primeira porção de massa. Gosto das minhas panquecas do tamanho de uma palma da mão bem esticada e gordinhas, não espalmadas, que estas amigas não são crepes.

 

A panqueca está pronta para virar quando começarem a ver bolhinhas a formar-se. Virem com uma espátula e deixem que cozinhe o outro lado por mais 30 segundos a um minuto. Repitam o processo até acabarem com a massa, untando a frigideira com mais manteiga se começar a pegar.

 

Sirvam com framboesas no topo e um fio generoso de xarope de ácer. E não digam que não é um pequeno-almoço de reis.