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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

Biscotti de lima e sementes de papoila (com chocolate branco)

Para quem nunca procurou a definição da palavra biscotti (provavelmente a maioria de vocês), eu explico: traduzido à letra, biscotti significa cozido duas vezes. E é isso mesmo que estes biscoitos são.

 

Este tipo de biscoito é muito saboreado em Itália e é feito com os mais variados aromas e acrescentos. A massa é cozida em formato de tronco a primeira vez. É depois retirada do forno, fatiada na diagonal e levada de novo ao forno. Cozida, portanto, duas vezes, para que acabemos com uns biscoitos crocantes e duráveis, quando guardados numa caixa bem fechada.

 

A minha avó não lhes chamava biscotti mas fazia uns muito simples que me lembro de comer em pequena a acompanhar uma bebida quente. Andei em experiências com sabores de que gosto e acabei com estes biscotti maravilhosos, de lima e sementes de papoila, pornograficamente mergulhados até meio em chocolate branco.

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Ingredientes:

200 gr. de açúcar

350 gr. de farinha

55 gr. de manteiga à temperatura ambiente

1 c. chá de fermento em pó

1/2 c. chá de bicarbonato de sódio

1 pitada de sal

2 ovos

25 gr. de sementes de papoila

Raspa de duas limas

3 c. sopa de sumo de lima (deverá ser aproximadamente o sumo das duas limas a que tiraram a raspa)

(Para a cobertura)

200 gr. de chocolate branco

Mais raspa de lima

 

Comecem por aquecer o forno a 180º e por forrar um tabuleiro grande com papel vegetal.

 

Batam a manteiga com o açúcar e a raspa da lima até estar tudo ligado. A mistura não vai ficar cremosa mas é normal. Juntem os ovos, um a um, e batam entre cada adição.

 

Depois, é tempo de juntar à festa o sumo de lima, a farinha, o fermento em pó, o bicarbonato de sódio, o sal e as sementes de papoila e bater tudo até a massa estar ligada e começar a soltar-se dos lados da tigela.

 

Polvilhem o vosso tabuleiro forrado com um pouco de farinha e despejem a massa para lá, dividindo-a em duas partes. Com as mãos enfarinhadas, formem dois troncos com cada uma das partes e deixem um espaço considerável entre cada um, porque vão crescer bastante no forno.

 

Levem o tabuleiro ao forno durante 15 a 20 minutos, até o topo estar com rachas e as pontas estarem douradas. O meio não deve estar muito mole para que consigam depois cortar os troncos em fatias.

 

Deixem que os troncos arrefeçam até conseguirem manuseá-los e com uma faca serrilhada cortem fatias relativamente largas (na diagonal, que o efeito é mais bonito).

 

Coloquem as fatias alinhadas de novo no tabuleiro, com uma das faces cortadas para cima e um pequeno espaço entre elas para que tostem a toda a volta. Levem-nas de novo ao forno durante uns 15/20 minutos.

 

Devem retirá-las quando a crosta estiver bem dourada e estiverem firmes no centro. Podem ainda sentir o centro a ceder muito ligeiramente mas isso não é mau, porque vai continuar a endurecer enquanto os biscoitos arrefecerem e se os deixarem endurecer demais no forno podem ficar como pedra depois de frios.

 

Quando os biscoitos estiverem frios, derretam o chocolate em banho maria e molhem nele a extremidade de cada um. Com a ajuda de um pincel de pastelaria podem espalhar melhor o chocolate para que a camada não fique muito espessa.

 

Polvilhem por cima das pontas mergulhadas em chocolate mais algumas raspas de lima e deixem que tudo solidifique em cima de uma folha de papel vegetal.

 

Se sobrar algum para contar a história no final do dia, guardem-nos numa caixa bem fechada e vão ver que duram uns bons dias.

O pão de ló que se quer (molhadinho por dentro, tostadinho por fora)

Já todos certamente provaram ou ouviram pelo menos falar do Pão de Ló de Alfeizerão. Supostamente nascido de um erro que umas freiras menos jeitosas cometeram no tempo de cozedura de um bolo para oferecer ao rei, esta coisa boa tornou-se numa iguaria com direito a estatuto próprio, reproduzida geração após geração.

 

O que provavelmente não sabem é que é muito simples fazê-lo em casa. Usei a receita da Maria de Lourdes Modesto, que podem encontrar no livro "Cozinha Tradicional Portuguesa", e não falhou.

 

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 Ingredientes:

 2 ovos inteiros

6 gemas

100 gr de açúcar

50 gr de farinha com fermento

 

Forrem uma forma redonda de fundo amovível com papel vegetal, deixando uma boa altura no papel, e untem-na bem. Aqueçam o forno a 200º/225º graus (no meu chegam os 200º, que ele é mais quente do que o termómetro anuncia).

 

Conselho de amiga: Façam isto com uma batedeira, de preferência das que têm suporte fixo. É preciso bater a mistura do pão de ló por mais ou menos quinze minutos e à mão cansa um bocadito.

 

Comecem por bater os dois ovos com o açúcar até que a vossa mistura comece a ficar esbranquiçada. Juntem depois as gemas que desfizeram grosseiramente com um garfo e batam em velocidade máxima por dez minutos (nem mais, nem menos).

 

Se quiserem aldrabar a tradição (como esta que vos escreve) juntem um colher de chá de extrato ou pasta de baunilha nesta fase. Se forem puristas, deixem-se estar que eu não vos levo a mal.

 

Depois disto, envolvam cuidadosamente a farinha para que a massa não perca o ar.

 

Coloquem a massa na forma e levem ao forno já quente durante dez minutos (nem mais, nem menos). Retirem o bolo e desenformem-no de imediato.

 

Resistam à tentação de o deixar mais tempo no forno. Sim, a massa vai parecer líquida mas assim que arrefecer vai estar no ponto certo: creme no meio, bolo nas pontas (nem mais, nem menos).

Bolo de Iogurte Grego e Mirtilos

Podia fingir que esta receita exige uma perícia extrema só para me armar aos cucos. Ninguém diria, olhando para o resultado final, que este bolinho não é mais do que uma receita tradicional de bolo de iogurte com umas alterações aqui e ali. Mas é.

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O iogurte grego torna o fofo ainda mais fofinho. A explosão roxa dos mirtilos no meio da massa faz uma festa com fogo-de-artifício no palato. Da próxima vez que tiverem de fazer à pressa um bolo para o lanche, pensem com carinho no Quanto Mais Quente Melhor e façam esta receita.

 

Ingredientes:

 

6 ovos

1 iogurte grego (eu usei light mas podem usar o normal)

150 g de mirtilos

3 copos de iogurte de farinha

3 copos de iogurte de açúcar

1/2 copo de iogurte de óleo

2 c. chá de fermento em pó

1 c. chá de extrato de baunilha

 

Primeiro que tudo, é aquecer o forno a 175º, untar e polvilhar com farinha uma forma de buraco. Numa tigela, polvilhei os mirtilos com farinha, para que ficassem com uma capa protetora que vai ajudar a que não se concentrem só no fundo da forma durante a cozedura do bolo.

 

Vamos à massa: comecei por bater bem as gemas com dois dos copos de açúcar. É preciso que a mistura fique fofa e esbranquiçada antes de avançarmos mais. Juntei depois o iogurte, o óleo e a baunilha e bati mais um pouco. De seguida, adicionei a farinha e o fermento, envolvendo bem.

 

À parte, bati as claras em castelo e juntei-lhes depois o copo de açúcar que nos sobrou (lembram-se?), batendo bem até a mistura ficar brilhante.

 

Já na reta final, envolvi com jeitinho as claras na massa do bolo e, para acabar, envolvi na massa os mirtilos. não precisam de mexer muito, até porque não querem assassinar os mirtilos ainda antes de o bolo ter ido ao forno.

 

Levem ao forno durante mais ou menos 40/45 minutos ou até o palito sair limpo.

 

Esperem uns minutos, desenformem, polvilhem com açúcar em pó e comam a acompanhar um cházinho.

Pecados de chocolate e manteiga de amendoim

 

São mesmo pecados (pelo menos no que diz respeito à ingestão de açúcar), estes quadrados para combater dias mais deprimidos. Para esse mal, não há remédio melhor do uma guloseima que junte esta dupla imbatível: chocolate e manteiga de amendoim. Umas pedrinhas de sal no topo dão uma supresa final depois do fogo de artifício que já tinha passado pelo palato.

 

Sim, é coisa muito americanizada mas por cá já se encontra a manteiga do dito fruto seco em quase todos os supermercados e nós, no Quanto Mais Quente Melhor, não temos vergonha de adotar os melhores e mais pecaminosos hábitos das terras do Tio Sam.

 

Ingredientes:

3/4 chávena de açúcar

3/4 chávena de açúcar mascavado escuro

85 gr de manteiga

1 colher de sopa de óleo

3/4 chávena de manteiga de amendoim

1 ovo

1 clara de ovo

1/2 chávena de farinha

1/2 chávena de bolachas digestivas trituradas

1 colher de chá de fermento em pó

1/4 colher de chá de sal (mais umas pedrinhas para salpicar o topo)

150 gramas de chocolate (70% cacau)

 

Comecei por aquecer o forno a 175º e por untar com manteiga, forrar com papel vegetal e polvilhar com farinha uma forma quadrada (não muito grande).

 

Coloquei os açúcares, a manteiga amolecida e o óleo numa tigela e bati com a batedeira até ficar fofo. A isto, juntei a manteiga de amendoim e bati bem, até estar tudo envolvido. Juntei depois o ovo e a clara de ovo e liguei bem a mistura.

 

Noutra tigela, juntei a farinha com o fermento em pó e o sal e mexi para que tudo ficasse misturado. Juntei os pós ao preparado de manteiga de amendoim e envolvi bem (a massa vai ficar bastante espessa, é mesmo assim). Coloquei a massa na forma, espalhei bem com uma espátula para ficar nivelada e coloquei no forno durante mais ou menos 25/30 minutos. Quando estiver pronta, deve estar dourada, o palito deve sair limpo do centro mas a massa ainda deve parecer mole.

 

Deixei este bolo rico de manteiga de amendoim arrefecer e, enquanto isso, derreti o chocolate em banho-maria. Espalhei o chocolate acabado de derreter em cima do bolo (ainda na forma), salpiquei com umas pedrinhas de sal, que devem ficar visíveis no topo, e deixei que o pecaminoso chocolate solidificasse. Podem colocar no frigorífico para ficar mais sólido e ser mais simples de cortar aos quadrados.

 

Quando estiver bem firme, basta puxar pelo papel vegetal para desenformar e com uma faca longa e afiada cortar aos quadrados, tendo cuidado para não rachar muito o chocolate nem esborrachar a camada de bolo.

 

Medalha de ouro com os adultos e os miúdos lá de casa.