É habitual ter ideias estranhas a horas impróprias. O meu cérebro é demasiado resistente ao descanso e trabalha melhor quando os outros estão a dormir.
Ora a ideia bizarra no primeiro lugar do top nos últimos dias foi "e se eu tentasse fazer uma receita de jesuítas mas em versão grande e rectangular, para cortar à fatia"? E se muitas das ideias estranhas que tenho não chegam a ver a luz do dia, esta foi mesmo do forno para a mesa.
Claro que, se preferirem, podem fazer esta mesma receita, cortando a massa em triângulos para fazer a forma tradicional dos jesuítas mas esta versão é mais prática e não perde nada em sabor.
Ingredientes:
1 base rectangular de massa folhada (preferencialmente de uma marca feita com manteiga)
(Para a cobertura)
1 clara de ovo
Açúcar em pó q.b.
(Para o doce de ovos)
6 gemas
6 c. sopa de açúcar
Meia chávena de água
Primeiro, tratem do doce de ovos (podem usar esta receita para cobrir ou rechear outros bolos). Levem a água ao lume com o açúcar, deixem que ferva e contem cinco minutos depois de começar a ferver antes de apagarem o lume.
Batendo sempre, juntem esta mistura em fio às gemas previamente batidas numa tigela. Devolvam a mistura ao tacho e levem ao lume mexendo sempre até engrossar (não se atrevam a não mexer, porque o creme vai talhar se não o fizerem). Retirem do lume e deixem arrefecer completamente.
Quando o doce de ovos estiver frio, aqueçam o forno a 180º. Numa tigela, vão juntando açúcar em pó à clara de ovo até obterem uma mistura densa, que não escorra da colher mas que consigam espalhar.
Retirem a massa folhada do frigorífico, cortem-na ao meio e disponham uma das metades num tabuleiro forrado com papel vegetal.
Espalhem por cima o doce de ovos, deixando uma margem de segurança para que o creme não saia para os lados durante a cozedura. Cubram com a segunda metade da massa folhada. Por cima, com a ajuda de uma espátula, espalhem a mistura de clara com açúcar, deixando de novo umas pequenas margens de segurança para que não escorra para os lados no forno.
Levem ao forno durante 35 a 45 minutos ou até o topo estar bem dourado e a massa tiver subido bastante.
Retirem do forno, deixem que arrefeça e depois sirvam cortado aos quadrados (ou rectângulos, ou triângulos, ou o que vos apetecer).
Eu faço muita coisa boa (modéstia à parte) mas não há receita tão unânime como a destes biscoitos brownie. A menos que não gostem mesmo de chocolate, a textura crocante por fora e gloriosamente mole por dentro vai conquistar-vos sem reservas.
Não é que a receita seja um segredo - é basicamente fruto de uma pesquisa por várias receitas do género, com um bocadinho de cada uma a entrar e alguns ajustes - mas não a tenho divulgado muito porque é provavelmente a que mais pedidos soma nas encomendas que me fazem. Foi até (muito gentilmente) destacada numa edição da revista Time Out. Espreitem aqui em baixo:
Ora porque, depois de alguma reflexão, decidi deixar de lado as encomendas Quanto Mais Quente Melhor e focar-me mais nos conteúdos do blog, é tempo de verdadeiramente libertar os biscoitos brownie para o mundo. Não vos garanto que fiquem fantásticos logo à primeira, que eu já tenho muitas fornadas disto, mas com o tempo vão certamente conseguir que fiquem no ponto.
Para que isto não vos saia furado, tentem respeitar os 70% de cacau do chocolate da receita e o tempo de congelador para a massa. Também vão achar que as bolachas não estão cozidas quando as tirarem do forno, mas confiem que, ao arrefecer, vão ficar com a textura certa.
Ingredientes:
400 g de chocolate (com 70% de cacau)
60 g de manteiga
4 ovos
1/2 chávena de farinha
1 chávena e meia de açúcar
1 c. chá de extrato de baunilha
1/2 c. chá de sal
1 c. chá de fermento em pó
100 g de pepitas de chocolate (ou de chocolate partido em pedaços pequenos)
Comecem por derreter o chocolate com a manteiga em banho-maria. Enquanto o chocolate e a manteiga vão derretendo, podem ir adiantando trabalho de outro lado (não esquecendo de mexer o chocolate ocasionalmente).
Numa tigela, batam os ovos com o açúcar com uma batedeira até a mistura estar esbranquiçada, fofa e ter duplicado de volume (mais ou menos cinco minutos). A isto, misturem a baunilha e o sal. Depois, com cuidado e mexendo sempre para não cozer os ovos, juntem o preparado de chocolate. Juntem a farinha e o fermento, envolvendo até estar tudo bem ligado e, finalmente, as pepitas de chocolate, mexendo com carinho para não as destruir.
Esta mistura deve ser colocada num pirex raso e levada ao congelador durante mais ou menos uma hora.
Quinze minutos antes de terminar o tempo de congelação, aqueci o forno a 175º e forrei um tabuleiro grande com papel vegetal que untei com manteiga. O forno tem de estar bem quente quando colocarem as bolachas, caso contrário, vão dar cabo delas.
Tirei a massa do congelador e coloquei colheradas no tabuleiro. Coloquem mais ou menos uma colher de gelado mal cheia por biscoito, o que vai dar-vos uns 34 no final. Se quiserem fazer uma versão maior de cada biscoito, à americana, usem uma colher de gelado a abarrotar para cada um e deverão acabar com 20 biscoitos. Deixem algum espaço no tabuleiro entre eles, já que os biscoitos vão abrir no forno.
Levei ao forno durante 10 a 15 minutos, até o centro estar irregularmente rachado e as bordas estarem tostadas e crocantes (não deixem mais tempo para não perderem a textura de brownie no centro do biscoito). Retirei do forno e deixei que arrefecessem antes de os transferir para um prato. Repeti as fornadas mais duas vezes até acabar a massa, que fui colocando no frigorífico enquanto a outra fornada cozia.
Desafio-vos a não comerem umas quantas de enfiada e aposto que a receita vai ser o vosso grande sucesso culinário junto dos comensais lá de casa.
Abandonem de vez o Twix que costumam comprar no café quando estão mesmo a precisar de uma dose de chocolate. Estes quadrados (altamente pornográficos e não aconselháveis a gulosos mais sensíveis) são a solução perfeita para os vossos ataques de desejo por uma coisa doce e reconfortante.
Senão vejam: por baixo, uma camada de biscoito crocante tão delicada que se desfaz na boca; no meio uma cama de caramelo rico; por cima, chocolate negro salpicado de chocolate branco a compor uma camada lustrosa de coisas boas.