From Russia with Love
Nunca percebi. Por mais que ouça as queixas, as dúvidas e os afrontamentos de outros, nunca percebi. Nunca percebi o porquê de não se conseguir fazer um Molotov (ou Molotof, não sou esquisita) em condições. Eu faço-os desde miúda, com a simples e extraordinariamente eficaz receita da minha avozinha e nunca, literalmente nunca, houve algum que tivesse corrido mal.
Ou porque baixam de mais, ou porque queimam ou porque ficam com uma consistência menos satisfatória, já ouvi de tudo. E é por isso que, por mais que, na minha cabeça de fada do lar o que vem aí a seguir me pareça senso comum, quero ajudar todas(os) os que sempre quiseram fazer um Molotov bonitão e não conseguiram tirá-lo do forno sem que tivesse aquela deprimente descida aos infernos de uma forma de metal.
Primeiro: Batam, meus amigos. Batam as claras em castelo até ficarem mais firmes que a Torre Eiffel e, depois de juntarem o açúcar, batam outra vez como se o amanhã nunca fosse chegar. E batam ainda mais depois de o caramelo chegar para lhe dar aquela cor irresistível.
E depois? Não tentem calcar demasiado a mistura na forma. As claras de ovos não gostam de repressão. Deixem-nas conviver alegremente com espaços em vazio e deixem-nas ficar com picos em cima.
O temível forno: Não o tenham demasiado quente nem demasiado brando (é isso que pode fazer o abençoado doce queimar ou baixar rapidamente após a cozedura). E mais ou menos meia hora basta. Quando os gulosos picos superiores ficarem tostados, é sinal que é tempo de o tirar.
Para todos os que acham que ele não baixa depois de sair do forno, ai baixa sim senhores. Mas o que deve acontecer é baixar até à altura que tinha quando seguiu para a fornalha. Mais do que isso e algo correu francamente mal.
Último segredo: Façam-no no dia anterior ao manjar e desenformem-no apenas 24 horas depois. A diferença na firmeza e no gosto é significativa.
E pronto, é isto. Agora não digam que há desculpas.