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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

Viaggio in Italia - Parte 2

 

Depois de umas fatias de pizza inesquecíveis em Nápoles, seguimos viagem.

Por todo o país tivemos encontros imediatos com bons gelados. Mas o coup de foudre, não ao primeiro olhar mas ao primeiro contacto com as papilas gustativas, só aconteceu em Roma. Mais precisamente na Via Uffici del Vicario, na gelataria Giolitti. A mais antiga de Roma, dizem, perto do Panteão e nada fácil de encontrar mesmo com um mapa nas mãos (ou então tudo se explica pela inaptidão em nos orientarmos por novos territórios).

 


Uma longa bancada com dezenas de sabores (esta imagem mostra apenas uma parte dessa bancada). Alguns facilmente identificáveis. Outros nem tanto. Cocomero é Melancia. Lamponi é Framboesa. Visciole é Ginja. E fico-me apenas pelos avermelhados. Ao lado do Cioccolato temos até Champagne. Podemos escolher entre um Coni Piccoli, de tamanho normal. Um Medi, de tamanho médio e com o rebordo coberto de chocolate, e um Grandi, ligeiramente maior e com rebordo de chocolate branco.  Existe ainda um Giganti mas imagino que seja apenas para quem está demasiado entusiasmado
Avançámos sem medo para a segunda hipótese: um cone médio com três sabores. Tarefa árdua, a de escolher apenas três sabores no Giolitti... Para nos apaziguar a inquietação, ouvimos uma palavra em jeito de pergunta: "Panna?" E fomos surpreendidos com uma dose farta de chantilly pousada em cima do nosso gelado.

 Obrigado, Giolitti. Obrigado, Itália...

flickr / adamspencercook

Também estamos no Foodzai

Ando em experiências no Foodzai, um projeto nascido de uma startup portuguesa que junta a comunidade de foodies, cozinheiros e home chefs numa espécie de rede social.

 

A ideia é ligar quem gosta de descobrir novas comidas e quem gosta de as fazer e facilitar o processo de encomendas para um home chef que não tenha uma estrutura de vendas profissional montada. Esta comunidade funciona, por enquanto, em Lisboa, Londres e Dublin mas os seus criadores querem fazê-la crescer.

 

Há quem entre como utilizador comum e quem o faça como home chef (é este o termo usado pelo Foodzai e eu não quero adulterar o que não devo). Eu estou por lá encaixada nesta última categoria, apesar de chef ser uma palavra muito distante daquilo que sou (já sabem que encaixo mais no estilo caseiro, rústico, da avozinha do que cheffie). Podem ver por lá algumas das iguarias que por aqui e, se quiserem experimentar alguma em casa, podem usar o Foodzai para fazer uma encomenda.

 

Se quiserem espreitar o meu perfil, provar uma das minhas comidinhas ou apenas conhecer o Foodzai, podem começar pela minha página.

Uma tarte para comer de enfiada

Agora que a chuva já anda por aí e o calor já parece definitivamente ter ido embora, convenci-me de que o outono está por cá. Já ofereço chá e bolos às visitas em vez de sumos frescos e sobremesas geladinhas.

 

Esta tarte de feijão é a escolha ideal para acompanhar um chá fumegante, de chávena a queimar os dedos. Mas atenção à navegação: garantam que têm gente suficiente em casa para a comer na mesma tarde. É que este pastel de feijão gigante é como os de nata, acabado de sair do forno queima mas sabe maravilhas, uma hora depois está num ponto irrepreensível mas no dia seguinte já parece um daqueles pastéis de café de bomba de gasolina (mole e empapado). Mesmo que não tenham uma troupe considerável, certifiquem-se de que os poucos mas bons são gulosos inveterados.

 

A maior vantagem desta tarte de feijão branco? Apesar de parecer altamente profissional, não dá trabalhinho nenhum a pôr de pé.

 

Ingredientes:

1 base de massa folhada (sim, há massa folhada bem boa à venda e não há justificação para perder horas de vida a tentar fazê-la em casa)

400 g de puré de feijão branco (mais ou menos uma lata e meia de feijão cozido escorrido e triturado)
250 g de açucar
2 ovos e 5 gemas
raspa de 1 laranja
70 g de manteiga derretida

 

Aqueci o forno a 175º.

 

Estendi a base redonda de massa folhada numa tarteira. Piquei o fundo com um garfo e coloquei no frigorífico enquanto preparei o recheio.

 

Bati as gemas e os ovos com o açúcar até ter um creme esbranquiçado, juntei depois a raspa de laranja e o puré de feijão e mexi com um batedor de varas para ficar tudo suave e sem grumos. Por fim, juntei a manteiga derretida.

 

Retirei a base do frigorífico e enchi-a com o recheio, com cuidado para não entornar. Levei a tarte ao forno durante mais ou menos 40 minutos. Tem de ficar dourada no topo e mais ou menos firme mas não demasiado cozida para não perder a cremosidade que queremos que ela tenha.

 

Deixei arrefecer e polvilhei com açúcar em pó.

 

Viaggio in Italia - Parte 1

 

Voltei há alguns dias de uma viagem por Itália que, em números, se pode resumir desta forma: 2300 quilómetros percorridos dentro de 1 carro com mais 3 pessoas e algumas dezenas a pé por 7 cidades italianas. Tudo em 9 dias.

 

Pelo caminho fui-me alimentando, claro. Umas vezes melhor, outras pior. Decidi escolher dois exemplos, retirados do catálogo de ex-libris gastronómicos transalpinos. Uma pizza em Nápoles e um gelado em Roma. Clichés? Talvez. Mas clichés deliciosos.

 

Começamos pela pizza. O tesouro fica perto do centro histórico de Napóles e não é difícil de encontrar. Será provavelmente no local com mais pessoas à porta. Chama-se L' Antica Pizzeria da Michele e ostenta com orgulho, logo abaixo do nome, o aviso de que aquela é a única sede em Itália. Estão feitas as apresentações. Já podemos entrar. Esperam-nos quatro surpresas.

 

flickr / usc_ty

 

A primeira está no menu. Um menu de duas modestas pizzas, o que, para ser correcto, torna ainda mais simples a escolha. "Uma de cada, por favor." Até porque cada uma custa apenas 5 euros (esta é a segunda surpresa).

 

Enquanto esperamos pelas nossas pizzas (uma Margherita, com tomate, queijo, azeite e manjericão, e uma Marinara, com tomate, alho, azeite e oregãos, ambas de massa fina mas nunca seca) reparamos numa foto de Julia Roberts envolvida licitamente com uma fatia de pizza. A espera leva-nos a identificar que, nessa imagem, a atriz está na Pizzeria da Michele, até que (terceira surpresa) acabamos por perceber que essa imagem faz parte de uma das cenas do filme "Comer, Orar e Amar"

 

A última surpresa fica para o final quando pomos verdadeiramente mãos à obra. Depois de dar a primeira trincadela numa fatia de pizza, a personagem de Julia Roberts diz: "Estou apaixonada. Estou a ter uma relação com a minha pizza." Torcemos o nariz à hipótese de fazer nossas as palavras de uma personagem de um filme onde se parte em viagem para "Comer na Itália, Orar na Índia, Amar na Indonésia" mas não há outra opção.

 

 

                                                             flickr - keepwaddling1                                                                 

Já sabem o que fazer se alguma vez estiverem por Nápoles (e conseguirem escapar ao espírito frenético de uma cidade que não se deixa conquistar à primeira).
(Brevemente: a segunda parte deste post, dedicado a um gelado inesquecível provado em Roma)

  

Bolachas de aveia com nozes e chocolate

A transição do verão para o outono não é coisa fácil, um fenómeno potenciador de estados depressivos. Nas comidas as coisas também mudam. As saladas deixam de saber bem e as sopas passam a ser o que nos conforta, os chás gelados passam a querer-se a fumegar e os pratos mais leves abrem espaço os estufados de domingo. Nas sobremesas, também é preciso fazer o luto da frescura do verão.

 

Depois dos doces à colherada saídos do frigorífico que por aqui fui deixando, dou o salto para o outono com estas bolachas. Um café ou um chá a acompanhar são parceiros certos. Uma mantinha e um sofá também ajudam à festa.

 

 

Ingredientes:


1 chávena de manteiga amolecida

1 chávena de açúcar amarelo

1/2 chávena de açúcar

2 ovos

2 colheres de chá de extracto de baunilha

1 1/4 chávenas de farinha

1/2 colher de chá de fermento em pó

1 colher de chá de sal

3 chávenas de flocos de aveia (dos de cozedura rápida)

1 chávena de nozes picadas grosseiramente

1 chávena de pepitas de chocolate (ou de chocolate negro cortado em bocadinhos)

 

Começo por aquecer o forno a 165º. Forro um tabuleiro com papel vegetal e deixo-o sossegadinho.


Numa tigela bato bem a manteiga com os dois açúcares, até estar tudo fofinho. À parte, misturo a farinha com o fermento em pó e o sal e junto este preparado à mistura de manteiga e açúcar, até estar tudo bem envolvido.

 

Misturo depois a aveia e as nozes e envolvo tudo bem. Acabo com o chocolate, que misturo com cuidado para não partir demasiado.

 

Com uma colher de gelado, coloco bolas de massa no tabuleiro de ir ao forno, com bastante espaço entre elas (vão espalhar-se muito no forno). Diria que um tabuleiro grande como o meu leva no máximo, já a rebentar pelas costuras, nove biscoitos. Podem distribuir o resto da massa por mais tabuleiros ou ir repetindo fornadas até acabar a massa.

 

Levem ao forno durante cerca de 12 minutos ou até estarem douradas. Quando retirarem do forno deixem arrefecer durante uns dez minutos antes de as colocarem num prato. São muito sensíveis e podem partir-se enquanto estiverem muito quentes.