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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

Queques de cenoura com cobertura de laranja

Se isto vos está já a parecer demasiado pornográfico, do tipo que estraga qualquer dieta, deixem-me que vos esclareça: há muita cenoura e muita laranja nestes bolinhos, por isso, podem fingir que não engordam e comer mais do que um.

 

Estes queques funcionam com miúdos e graúdos, num lanche de festa ou para acabar um pequeno-almoço mais pomposo. Podem fazê-los com ou sem cobertura, que não é por perdê-la que não ficam igualmente deliciosos, e podem até cozer a massa numa forma grande e fazer um bolo maior, se não estiverem com paciência para pôr forminhas de papel em formas de muffins. É ao gosto do freguês.

 

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A versão original é esta...

 

Ingredientes:

1 chávena + 3/4 chávena de farinha de trigo

1/4 chávena de farinha maizena

1 chávena e meia de açúcar (mal cheias)

4 cenouras

1 c. chá de fermento em pó

4 ovos grandes

1/2 chávena de óleo + 1 c. sopa bem cheia

Raspa e sumo de 2 laranjas

2 chávenas de açúcar em pó

 

Ora vamos ao trabalho: comecem por cozer as cenouras até estarem bem tenrinhas e com ar de quem se vai desfazer sem grande dificuldade.

 

Depois, aqueçam o forno a 175º e forrem com forminhas de papel uma forma maior própria para muffins (no IKEA encontram as duas coisas). Formas de metal mais pequenas, das que se usam para os pastéis de nata, também servem. Só precisam de ter cuidado para não as encher em demasia no final.

 

Coloquem as cenouras num liquidificador com o sumo de uma laranja (raspem a laranja antes de fazer o sumo e reservem a raspa) e a colher de sopa de óleo e triturem até estarem reduzidas a um puré cremoso. Guardem esta mistura.

 

À parte, batam as gemas com o açúcar até começarem a obter um creme esbranquiçado. Nesta fase, misturem a meia chávena de óleo e a raspa da laranja e voltem a bater. Juntem depois a mistura de cenoura e envolvam bem até terem um creme homogéneo.

 

À parte, batam as claras em castelo. Misturem também as duas farinhas e o fermento em pó.

 

Para terminar, envolvam delicadamente no creme de ovos e cenoura, as farinhas e as claras batidas. Comecem e acabem com a mistura de farinhas, que devem juntar em três partes alternando com as claras. Cuidado para não baterem demais a mistura. Regra de ouro para uma receita de queques: bater demais a massa depois de juntar a farinha, dá uma massa mais pesada do que se quer.

 

Encham as forminhas de papel até três quartos. Atenção que se encherem demais a massa vai sair das forminhas, deixando-vos com queques meio deformados (não que não se comam na mesma, mas não saem tão bonitos). Levem ao forno durante uns 15/20 minutos, até estarem douradinhos por cima e o palito sair limpo. Retirem e deixem arrefecer.

 

Se quiserem juntar a cobertura, misturem numa tigela o açúcar em pó com o sumo da segunda laranja (reservem de novo a raspa). Vão testando as quantidades aqui porque nem todas as laranjas têm a mesma quantidade de sumo para nos dar. É suposto ficarem com uma mistura branca que escorre da colher mas não está demasiado líquida.

 

Cubram os queques com esta mistura e decorem com as raspas de laranja que guardaram.

 

Comam na altura e voltem a provar no dia a seguir. É que estas maravilhas ainda ficam melhores e mais luxuosas com um dia em cima.

Pavlova com iogurte grego, creme de limão e morangos

Pavlova é coisa para tempo quente. A base leve de merengue e os habituais recheios frescos de natas e fruta fazem a sobremesa perfeita para dias de sol.

 

Nesta versão, aligeirei a coisa e troquei as natas batidas por iogurte grego magro mas acrescentei umas colheradas de lemon curd caseiro só para agitar as águas. Garanto-vos que desaparece num instante e que, apesar do ar soberbo, não dá muito trabalho a fazer.

 

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Ingredientes:

4 claras de ovo

250 gr. de açúcar

1 c. chá de vinagre de vinho branco

1 c. chá de amido de milho

1 c. chá de extrato de baunilha

1 pitada de sal

 

(Para o recheio)

500 gr. de morangos

2 iogurtes gregos magros (usei magros porque são menos espessos e, por isso, melhores para usar como recheio)

 

(Para o creme de limão) - Podem sempre fazer batota e usar um de compra mas o que vos sobrar desta receita pode ser usado em 1001 outras sobremesas ou ser comido à colherada por um guloso muito guloso

4 limões

200 gr. de açúcar

100 gr. de manteiga

3 ovos + 1 gema

 

Primeiro, vamos à base: a pavlova. Pré-aqueçam o forno a 140º. Coloquem uma folha de papel vegetal num tabuleiro e desenhem um círculo no papel (usei uma base de uma tarteira como molde para o círculo). 

 

Comecem por separar as claras das gemas (podem sempre usar as gemas noutra receita) e batam-nas até estarem firmes. Juntem depois o açúcar, colher a colher, e batam até sentir que os grãos se dissolveram e até terem ficado com uma mistura muito brilhante. De seguida envolvam com cuidado o vinagre, o amido de milho e o extrato de baunilha.

 

Coloquem a mistura no círculo de papel vegetal com a ajuda de uma espátula. Eu costumo deixar o lado exterior do círculo mais alto do que o centro para ter uma espécie de ninho que no final leva todas as coisas boas em cima. Mas não precisam de ser muito exatos, é bom se ficar meio torto e rústico. E se rachar no forno, melhor ainda.

 

Levem a vossa pavlova ao forno por uma hora. Passado esse tempo, desliguem o forno mas deixem-no fechado com a pavlova lá dentro até que arrefeça completamente.

 

Enquanto a pavlova arrefece façam o vosso creme de limão. Levem ao lume em banho-maria, a raspa e o sumo dos limões, a manteiga e o açúcar. Quando estiver tudo derretido, adicionem esta mistura aos ovos e à gema já batidos. Envolvam bem e de forma rápida para que o choque térmico não vos deixe com ovos mexidos. Devolvam a mistura ao lume, de novo em banho-maria, e vão mexendo sempre até que comece a engrossar. O creme está pronto quando cobrirem a parte de trás de uma colher de pau com ele e ele se aguentar lá.

 

Quando a pavlova estiver fria, transfiram-na para um prato, coloquem os iogurtes no centro, espalhando com a ajuda de uma colher. Em cima, ponham cinco ou seis colheres de sopa de creme de limão e, com um palito, façam um efeito marmoreado entre o iogurte e o lemon curd. Por fim, cubram com os morangos. Podem cortar alguns em quartos, outros em metades e deixar mesmo no centro alguns com o pé para ficarem com um quadro ainda mais bonito.

 

Cortem fatias generosas e deliciem-se com esta sobremesa a saber a calor.

Bolo de Laranja e Amêndoa

Bolo de laranja é coisa básica. As avós, as mães, as tias e as filhas todas conseguem fazer um pão-de-ló com aroma a citrino. Mas este não é um bolo de laranja qualquer: estranhamente é feito com laranjas cozidas (sim, cozidas) e não leva farinha. Amigos intolerantes ao glúten, este é o vosso dia!

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 A receita tem por base uma célebre receita de Bolo de Clementina da Nigella Lawson. Com uma fácil pesquisa, conseguem encontrar a original que, aliás, diz-se, foi também a usada no bolo que Shirley MacLaine fez a Ben Stiller no filme «A Vida Secreta de Walter Mitty» (quem não viu que veja que é bem jeitoso).

 

Só experimentei esta versão com laranja mas, assim de repente, diria que funcionará bem com qualquer citrino (estou tentada a fazê-lo com limas).

 

Ingredientes:

375 gr de laranja (têm mesmo de pesar, precisei de mais ou menos uma e meia)

6 ovos

225 gr de açúcar

250 gr de amêndoa moída

1 c. chá de fermento em pó

 

Este bolo é tão fácil de fazer que até envergonha. Demora um pouco, porque é preciso cozer as laranjas antes de fazer o resto mas esse processo requer atenção zero.

 

Comecemos então por colocar as laranjas inteirinhas num tacho com água a cobri-las. Levamo-las ao lume, deixamos ferver e depois contamos duas horas. Terminado esse tempo, é desligar o lume e esperar que arrefeçam.

 

Quanto estiverem frias, cortem as laranjas ao meio, retirem os caroços e ponham (TUDO, casca e tudo) num liquidificador. Triturem até ficarem com uma pasta.

 

Entretanto, untem e forrem com papel vegetal uma forma redonda e aqueçam o forno a 180º.

 

À parte batam os ovos com o açúcar até a mistura ficar fofinha. Juntem a amêndoa triturada e o puré de laranja e batam bem.

 

Coloquem a mistura na forma e levem ao forno durante 30/40 minutos, até o palito sair limpo. Depois de uns 15 minutos no forno, cubram a forma com papel de alumínio para evitar que o bolo fique demasiado escuro no topo.

 

Esperem que arrefeça, desenformem e devorem.

 

Tarte Bakewell (de amêndoa e compota de morango)

Esta tarte é coisa comum nas montras britânicas. Nasceu na região de Derbyshire mas vende-se por todo o país em várias versões: há pequeninas para um momento solitário de gulodice, há grandes para cortar à fatia, há com e sem cobertura de açúcar ou com vários tipos de compota.

 

A base de massa doce abre caminho para uma camada de compota e, por cima, a massa frangipane (feita com amêndoa moída, manteiga, ovos e açúcar) cobre a cor rosa do doce. A terminar, amêndoas laminadas.

 

Eu fiz a minha para partilhar em fatias de camadas perfeitamente alinhadas e usei a compota de morango que tinha feito há uns dias.

 

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Ingredientes:

(Para a base)

175 gr. de farinha

75 gr. de manteiga fria cortada aos cubos

30 gr. de açúcar em pó

2 a 3 colheres de sopa de água bem fria

 

(Para o recheio)

125 gr. de manteiga

125 gr. de açúcar

125 gr. de amêndoa moída

1 ovo batido

50 gr. de amêndoa laminada

4 a 5 colheres de sopa de compota de morango (o suficiente para cobrir generosamente o fundo da tarte)

 

Comecemos pela massa: numa tigela, coloquem a farinha, o açúcar em pó e a manteiga e, com as pontas dos dedos, vão esfregando tudo até terem uma mistura parecida com migalhas. Juntem depois a água e misturem com as mãos até tudo ficar bem unido.

 

Estendam a massa numa superfície enfarinhada e forrem com ela uma tarteira de 20 cm previamente untada com manteiga. Levem a tarteira ao frigorífico por 30 minutos.

 

Entretanto, aqueçam o forno a 180º. Quando os 30 minutos tiverem passado, é tempo de cozer a massa sem recheio. Retirem a forma do frigorífico, coloquem papel de alumínio ou papel vegetal por cima da massa e, no topo do papel, feijões secos (ou se tiverem aquelas pedrinhas que se compram nas lojas de pastelaria, usem-nas). Este processo impede que a massa cresça no centro durante a cozedura.

 

Levem a tarteira ao forno durante 15 minutos. Passado este tempo, retirem os feijões e o papel e coloquem a massa de novo forno por mais 5 minutos, até começar a tostar. Retirem e deixem arrefecer.

 

Enquanto isso, vamos ao recheio. Derretam a manteiga, juntem-lhe o açúcar e mexam até estar dissolvido. Adicionem depois a amêndoa moída e o ovo batido e envolvam bem.

 

Com a massa já fria, espalhem a compota no fundo da tarteira. Cubram depois com a massa de amêndoa (se ficar um bocadinho de compota a espreitar de lado não há mal algum).

 

Por fim, espalhem as amêndoas laminadas no topo e levem de novo ao forno por cerca de 35 minutos. Se as amêndoas começarem a tostar demais antes do tempo, cubram a vossa tarte com papel de alumínio.

 

Retirem a tarte do forno, deixem que esfrie por uns 15 minutos e só depois devem desenformá-la.

 

Saboreiem-na com um muito britânico chá preto (ou com qualquer bebida portuguesa que vos apeteça mais, ninguém vos leva a mal).

Bolo de batata doce com merengue tostado

É tão bonito que até faz doer os olhos, este bolo de batata doce suculento com uma cobertura de merengue tostado digna dos de sangue azul. Podíamos fazer só o bolo sem a cobertura? Podíamos. Mas é o merengue que torna isto numa coisa majestosa em vez de se ficar apenas pelo estatuto de bolinho húmido para comer a acompanhar café.

 

Não é a receita mais simples do mundo (é preciso dar alguns passos) mas está ao alcance de todos os que tenham alguma paciência e um bocadinho (pequenino) de talento. A origem é do blog Smitten Kitchen e levou depois algumas alterações.

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Ingredientes:

(Para o bolo)

2 batatas doces grandes (ou 3 médias)

2 chávenas (250 gr) de farinha

2 c. chá de fermento em pó

1/2 c. chá de sal

1 c. chá de canela em pó

1/4 c. chá de gengibre em pó

1/2 chávena (115 gr.) de manteiga à temperatura ambiente

1 chávena (190 gr.) de açúcar amarelo

1/2 c. chá de extrato de baunilha

2 ovos grandes

 

(Para o merengue)

3 claras de ovo grandes

3/4 chávena de açúcar

1 pitada de sal

1/4 c. chá de vinagre ou sumo de limão

1/2 c. chá de extrato de baunilha

 

Primeiro que tudo, e podem fazer isto no dia antes de fazerem o bolo, é preciso assar as batatas. Coloquem-nas num tabuleiro forrado com papel de alumínio, piquem-nas com um garfo e levem-nas ao forno a 180º durante mais ou menos 45 minutos ou até estarem macias. Virem-nas uma ou duas vezes durante o processo para assarem uniformemente. Deixem que arrefeçam completamente. Podem guardá-las no frigorífico até ao dia seguinte, se der jeito.

 

Para o bolo, aqueçam o forno a 175º, forrem uma forma quadrada com papel vegetal e untem com manteiga. A seguir, descasquem as batatas doces e passem-nas por um passe vite ou, muito melhor, por um daqueles esmagadores de batata que se usam para fazer puré. Reservem o puré numa tigela. Não as triturem num robô de cozinha porque o resultado não vai ser o mesmo.

 

Noutra tigela, misturem a farinha, o fermento em pó, o sal, a canela e o gengibre. Ainda noutra tigela (esta receita deixa muitas tigelas para lavar) batam a manteiga com o açúcar louro com uma batedeira, até que a mistura fique leve e fofa. À mistura de manteiga e açúcar adicionem os ovos e a baunilha e batam até estar tudo envolvido.

 

Chega a hora de juntar a batata doce. Meçam uma chávena e meia do puré de batata e juntem à mistura anterior. Por fim, misturem os ingredientes secos até não sobrar qualquer pozinho. Se sobrar alguma batata, comam à colherada num momento de gulodice.

 

Coloquem a massa na forma, espalhando com uma espátula para ficar direitinha e levem ao forno durante 30/35 minutos, até um palito sair limpo do centro. No final, desenformem e deixem arrefecer completamente.

 

Entretanto, vamos ao merengue. Coloquem as claras, o açúcar, o sal e o vinagre ou sumo de limão numa tigela de vidro. Levem a tigela ao lume em banho maria (um lume muito gentil) e, enquanto está no lume, batam a mistura com uma batedeira durante uns três minutos, até que o açúcar tenha sido completamente dissolvido e as claras tenham aquecido. Nesta altura, retirem a tigela do lume e continuem a bater durante uns 5/7 minutos até o merengue estar bem sólido e brilhante. Misturem a baunilha e envolvam bem.

 

Estamos quase no fim. Falta só a decoração. Se não quiserem ser mariquinhas e usar um saco de pasteleiro, podem simplesmente colocar o merengue no topo do bolo com uma espátula e fazer uns picos meio irregulares. Eu coloquei uma primeira camada fininha com a espátula para que o restante merengue aderisse e depois usei um saco de pasteleiro para deixar a coisa com um ar mais armado ao pingarelho.

 

Finalmente, chegamos à parte de libertação de stress de todo o processo. Com um maçarico de pastelaria, tostei o merengue com movimentos suaves,  não encostando muito a chama para não queimar demasiado.

 

E pronto, depois disto tudo têm mais do que direito a comer imediatamente. O trabalho foi mais do que suficiente.

 

Uma nota final: Se não o quiserem fazer em casa, ele está na nossa ementa de encomendas gulosas.

 

Compota de morango (com vagem de baunilha)

Estamos a chegar à melhor altura dos morangos e, apesar de ainda não termos atingido o pico, arranjei uma caixa tão linda com uns tão vermelhos que tive de aproveitar para os transformar em compota.

 

Fazer compota não tem muito que saber. É só ter cuidado para não nos esquecermos dela ao lume e não saltar o passo da esterilização dos frascos (porque sim, isso faz a diferença na durabilidade do doce).

 

No fim de contas, é só açúcar com fruta e mais uns pozinhos. A vagem de baunilha dá um aroma ligeiramente diferente a esta compota tradicional de morango.

 

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Ingredientes:

1,5 kg de morangos (lavados, com os pés retirados e cortados aos pedacinhos)

1 kg de açúcar (podem roubar um pouco mas eu gosto desta proporção)

1 vagem de baunilha (cortada ao meio e com as sementes raspadas, que também devem ir para a compota)

Sumo de meio limão

 

Levem todos os ingredientes ao lume num tacho de fundo pesado. Quando a mistura começar a ferver, baixem o lume e deixem que cozinhe em lume brando até estar bem apurada (mais ou menos uma hora, uma hora e meia).

 

Um bom teste para saber quando está no ponto é colocarem uma colherada num prato arrefecido no frigorífico, esperarem uns segundos e passarem com um dedo no meio. Se a compota não voltar a unir-se está pronta. Lembrem-se sempre que a mistura fica mais espessa depois de fria.

 

Enquanto a compota cozinha, esterilizem os frascos. Coloquem os frascos e as tampas numa panela com água e levem ao lume. Deixem que fervam durante uns 15 minutos. Depois, retirem os frascos e virem-nos ao contrário sobre um pano de cozinha limpo até secarem.

 

Quando a compota estiver pronta, retirem a vagem de baunilha, encham os frascos, fechem-nos bem e virem-nos ao contrário. Esperem que a compota arrefeça completamente até os voltarem a virar. Este processo ajuda a criar vácuo no interior do frasco, o que vai garantir a frescura da compota por muito tempo.

 

Depois, comam-na com pão, tostas ou da forma mais gulosa, à colherada.

 

Pão para impressionar (e que demora uma hora a fazer)

Sou adepta de pão. Gosto de o comer, de o cheirar e gosto de o fazer. Gosto de fazer testes com diferentes tipos de fermento, diferentes tipos de farinha ou com métodos variados. Mas também gosto de ter vida e a verdade é que cuidar de massa levedada, ainda que não tome assim tanto tempo ativo, exige atenção e companhia e nem todos os dias são dias com paciência para fazer babysitting.

 

Ora nos últimos tempos, tenho andado numa encruzilhada de pães. Há um receita que faço recorrentemente e que nunca falha, a do meu pão doce, mas tenho testado outras e tenho feito muitas leituras sobre pães que não levam muito tempo a fazer.

 

Depois de alguns testes, cheguei à receita que melhores resultados teve. Demora mais ou menos uma hora do início ao fim mas parece que demorou três dias a fazer. Agora atirem-se também vocês a ela.

 

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Ingredientes:

1 chávena e meia de água quente (quente da torneira, não a ferver)

1 c. sopa de mel

1 colher e meia de sopa de fermento de padeiro (do granulado)

1 colher e meia de chá de sal

3 chávenas e meia de farinha (ou um pouco mais até se obter a consistência desejada)

 

Numa tigela comecem por misturar a água quente com o fermento, o mel e o sal. Mexam e esperem uns 15 minutos até que forme uma espécie de espuma em cima.

 

Despejem a farinha para dentro da tigela e misturem, inicialmente com uma colher de pau e depois com as mãos. Vão provavelmente precisar de um pouco mais do que a quantidade indicada mas as três chávenas e meia são a melhor referência.

 

Devem ir amassando até que a mistura já não esteja pegajosa (uns cinco minutos até conseguirem formar uma bola). Já não deve pegar-se aos dedos mas deve estar húmida. Lembrem-se que se adicionarem demasiada farinha vão ficar com um pão seco e pesado.

 

Coloquem a massa num recipiente polvilhado com farinha e cubram-no com um pano. Deixem que levede por 15 minutos. Eu usei o meu cesto de levedação para dar ao pão aqueles círculos lindos que veem na imagem e que fazem lembrar o melhor pão francês mas podem usar uma tigela comum.

 

Enquanto a massa leveda, aqueçam o forno a 200 graus. Coloquem lá dentro o tabuleiro onde vão cozer o pão para que esteja quente quando puserem a massa a cozer.

 

Passado o tempo de levedação, a massa deve ter duplicado de volume. Coloquem-na no tabuleiro que aqueceram no forno.

 

No tabuleiro inferior do forno coloquem meia chávena de água para criar vapor e fazer com que o pão cresça o máximo que pode antes de tostar. Deixem que coza por uns 25/30 minutos, até que o topo fique bem dourado e o fundo esteja firme.

 

Retirem, deixem arrefecer (ou não) e comam com manteiga a escorrer por uma fatia.

 

 

Tarteletes de Compota (com a que bem vos apetecer)

Só me faltaram o cestinho de piquenique e o vestido de xadrez para completar o cenário ao lado destas Tarteletes de Compota. Receitas de tarteletes semelhantes a estas não faltam. Usei como base uma receita de uma revista que andava lá por casa e, claro, fiz umas aldrabices à Quanto Mais Quente Melhor para, no fim, ficar com o resultado que veem aqui em baixo.

 

A boa notícia é que, para as poderem devorar, só têm de ter um bocadinho de paciência para fazer e estender a massa (pouca, nada de mais). Sim, fiz batota e usei compotas que tinha lá para casa já feitas, que a vida é curta de mais.

 

Mas valem o sacrifício...

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Ingredientes:

250 g de farinha (mais alguma para estender a massa)

250 g de açúcar em pó

125 g de manteiga (fria, cortada aos cubos)

1 pitada de sal

1 ovo grande

Raspa de uma laranja, limão ou lima (é à vontade do freguês)

Compota a gosto (1 c. chá cheia por tartelete, usei de morango, alperce e lima/limão)

 

Eu adoro o meu robô de cozinha, dá um jeitão para estas massas que parecem complicadas mas que afinal só precisam da ajuda dele. Comecem por atirar para dentro do robô a farinha, o açúcar, a manteiga e o sal. Liguem a máquina até terem uma mistura com a aparência de migalhas. Nesta altura, coloquem lá dentro a raspa (no meu caso, de laranja) e o ovo. Liguem novamente o robô até a massa começar a unir-se. Se acharem que está demasiado seca, juntem um pouco de leite. A minha não precisou, estava no ponto.

 

Depois disto, a massa precisa de descansar uns 30 minutos no frigorífico. Passado esse tempo, aqueçam o forno a 180º e untem formas de tarteletes com manteiga. Eu tenho duas, uma com 12 orifícios e outra com seis, mas usei também umas forminhas de pastel de nata. Uma forma de muffins também serve. Se tiverem só uma, não há problema, basta cozerem as tartes em várias fornadas.

 

Tirem então a massa do frigorífico e estendam-na com o rolo da massa sobre uma superfície enfarinhada até ter mais ou menos meio centímetro de espessura. Depois, com um cortador de bolachas redondo, ligeiramente maior do que os orifícios das formas, cortem círculos na massa. Com jeitinho, coloquem-nos nas forminhas e vão enchendo um a um com uma colher de chá da vossa compota favorita.

 

Ora finalmente, é tempo de cozer as pequenas no forno durante cerca de 15 minutos, até a compota estar a borbulhar e a massa estar bem dourada.

 

No final, retirem-nas do forno, deixem que arrefeçam nas formas durante uns 15 minutos e, depois, com cuidado, desenformem-nas. No fim disto, provadas as tarteletes, garanto que toda a gente vos vai dar o prémio de melhor dona de casa do bairro (ou dono de casa, que homem também tem direito).

Bolo de chocolate e morangos (com natas baunilhadas)

Não podia ignorar a gigante (e bonita) caixa de morangos que tinha lá em casa. Abri o frigorífico, eles olharam para mim e disseram-me com ar pedinchão: "a sério que nos vais comer só assim, não queres fazer alguma coisinha melhor connosco?". E eu tive de inventar qualquer coisa.

 

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Ainda não estamos no auge da época dos morangos mas já se encontram espécimes à altura para comer ao natural ou para fazer sobremesas primaveris.

 

Desta feita, fiz um pão de ló de chocolate muito leve (que se o bolo fosse denso, teríamos sobremesa demasiado pesada), recheei-o e cobri-o com natas aromatizadas com baunilha e coloquei no topo os gloriosos morangos.

 

Aproveitem também para experimentar esta receita com os próximos morangos que comprarem.

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Uma nota prévia: dividi a massa entre duas formas de 20 cm para fazer dois bolos e o resultado final ficou apenas com essas duas camadas altas mas podem perfeitamente cortar as duas camadas ao meio e acabar com um magnífico bolo de quatro camadas.

 

Ingredientes:

6 ovos

200 gr. de açúcar

85 gr. de farinha

85 gr. de amido de milho (farinha maizena)

2 c. chá de fermento em pó

40 gr. de cacau em pó

6 c. sopa de água a ferver

 

(Para o recheio e cobertura)

400 ml de natas para bater

2 c. sopa de açúcar

1 c. chá de pasta ou extrato de baunilha

500 gr. de morangos

1/2 chávena de açúcar + 2 chávenas de água (para a calda)

 

Comecem por untar com manteiga, forrar o fundo com papel vegetal e polvilhar com farinha duas formas redondas de 20 cm (podem usar uma forma grande e depois cortar o bolo mas a tarefa torna-se mais fácil cozendo logo em duas formas diferentes).

 

Aqueçam o forno a 180º.

 

Separem as gemas das claras. Numa tigela, batam as gemas com o açúcar até obterem um creme esbranquiçado e volumoso. A esta mistura juntem a farinha, o amido de milho e o fermento em pó e batam até estar tudo ligado. À parte, dissolvam o cacau na água a ferver e juntem esta mistura à massa do bolo.

 

Por fim, batam as claras em castelo bem firme e juntem-nas à restante massa, envolvendo com cuidado para não perderem muito ar.

 

Dividam a massa entre as duas formas e levem ao forno durante 20 a 25 minutos, ou até um palito sair limpo quando espetado no centro do bolo.

 

Enquanto os bolos cozem, façam a calda de açúcar que depois usarão para embeber o pão de ló. Levem ao lume meia chávena de açúcar com duas chávenas de água e, quando começar a ferver, contem cinco minutos. Desliguem o lume e deixem que arrefeça.

 

Quando os bolos estiverem frios, caso tenham subido muito, cortem o topo com uma faca serrilhada grande para que fiquem nivelados. Se tiverem uma cúpula nos bolos vai ser difícil empilhá-los.

 

Depois, embebam cada um dos bolos com a calda de açúcar usando um pincel de pastelaria. Sejam generosos, vai parecer que estão a pôr muita mas o bolo vai sugar a calda que lá puserem. Podem guardar num frasco a calda que sobrar e usar noutra ocasião.

 

Numa tigela batam as natas. Quando começarem a ficar firmes, juntem as duas colheres de açúcar e a pasta de baunilha e continuem a bater até obterem picos firmes (mas não deixem que se transformem em manteiga).

 

Agora vamos à montagem. Coloquem um dos bolos com a parte cortada para cima. No topo, coloquem natas, deixando uma margem de segurança já que, quando colocarem o outro bolo em cima, elas vão espalhar um pouco. Em cima das natas coloquem metade dos morangos cortados em quartos.

 

Em cima, com cuidado, coloquem o outro bolo (parte cortada para baixo, parte mais direita para cima). No topo coloquem de novo natas e morangos. Deixei alguns inteiros e com o pé para dar nas vistas e outros cortei em metades.

 

Guardem o bolo no frigorífico e comam fresquinho enquanto se lembram que a primavera já chegou.

 

 

Rabanadas poveiras (na Páscoa como no Natal)

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 A Páscoa foi a norte, na Póvoa de Varzim. Já é certo que qualquer viagem a norte dá em encontro de mesa cheia e em regresso de barriga carregada. E esta cumpriu a regra.

 

Esta Páscoa provei finalmente algo de que há muito me falavam: as rabanadas poveiras.

 

Ao contrário das rabanadas tradicionais, feitas com pão cortado, as poveiras são pequenas bolas de pecado, feitas a partir de pães bijou do dia anterior.

 

Diz-me o meu irmão (que mora na zona) que as compra na casa de uma senhora já de idade. Sozinha, sentada em frente a um panelão, vai virando cada rabanada com carinho e todas as que dali saem para venda são feitas no momento. Seguem todas quentinhas, portanto.

 

No Natal a fila é difícil de suportar mas, desta vez, na Páscoa, altura em que a procura das rabanadas também aumenta, lá se conseguiu chegar à iguaria.

 

A acompanhá-las vem uma calda de frutos secos. Uma colherada a escorrer por cima de cada uma torna a delícia ainda mais pecaminosa.

 

Não é para comer todos os dias mas é para comer quando se for à Póvoa, especialmente se nunca se provou.

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