Os clássicos de Natal
Tal como no cinema sabe bem rever anualmente os mais calorosos clássicos de Natal, também na cozinha natalícia há tradições repetentes. Como o carinho com que Judy Garland canta «Have Yourself a Merry Little Christmas» em «Meet Me In St. Louis» ou como o calor de Bing Crosby a cantar «White Christmas» para uma plateia de soldados, precisamente em «Natal Branco», também cá por casa se assumem as tarefas da quadra com todo o coração.
Em todas as mesas de Natal é preciso haver fritos. Natal não é Natal sem o dourado das filhozes, dos coscorões ou dos sonhos. E as filhozes, fazêmo-las cá em casa.
Herdei a tradição da família do meu mais-que-tudo e já se tornou um hábito anual. O ancião da família faz a massa (dá-lhe porrada à antiga, fórmula infalível para a sua qualidade). Depois, lá vai ela, embrulhada num cobertor para, durante algumas horas ali dormir uma sesta e crescer.
É a seguir que entra em campo o resto da família. A fazer lembrar o Charlie Chaplin de «Tempos Modernos», também ali se monta uma cadeia de operários. Um estende, o outro frita, o último reveste as ditas com os obrigatórios açúcar e canela. Terminada a maratona, dá-se cabo de algumas filhozes, ainda quentinhas, com o fumegar de um chá a acompanhar.
Mas, na minha mesa de Natal, para além dos tradicionais doces da quadra, há sempre alguns incontornáveis que se foram tornando presença habitual ao longo do tempo e nunca mais desapareceram. O Molotov tem de lá estar, assim como o bolo de chocolate (tão simples e tão único graças a um ingrediente secreto) ou a torta de noz. Assim como «Música no Coração» marca sempre presença em algum canal de televisão por esta altura, mesmo não sendo um filme de Natal.
Este ano vou ser vanguardista e atrever-me a colocar coisas novas na mesa. A ver se ninguém se queixa da irreverência.