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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

Pão de Banana (que na verdade é bolo)

Porque as minhas férias foram por terras do Tio Sam e eu volto sempre das viagens com vontade de cozinhar alguma coisa que me lembre o que provei noutras paragens, fiquei com o bichinho do pão de banana.

 

Banana Bread, assim se chama este bolo (vá-se lá saber porque lhe chamam bread, que isto de pão não tem nada) muito apreciado (e devorado) nos países anglo-saxónicos. Americanos que se prezem são dados aos exageros na comida e claro que uma fatia sem acrescentos sabe a pouco por lá: há quem coma o pão de banana com uma camada generosa de manteiga, compota ou manteiga de amendoim.

 

Eu acho que isto não precisa de adições e é perfeito comido só assim, a acompanhar um chá ou um café. E a receita é tão simples, que mesmo com preguiça se faz num domingo à tarde.

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Ingredientes:

4 bananas médias esmagadas

75 gr. de manteiga derretida

145 gr. de açúcar (mais algum para polvilhar no topo)

190 gr. de farinha

1 ovo batido

1 c. chá de extrato de baunilha

1 c. sopa de whisky (opcional)

1 c. chá de canela em pó

1 pitada de noz moscada

1 pitada de cravinho moído

1 pitada de sal

1 c. chá de bicarbonado de sódio

 

Comecem por aquecer o forno a 175º e por untar com manteiga e forrar com papel vegetal uma forma de bolo inglês.

 

E agora reparem como isto é fácil e como se faz tudo num só recipiente com recurso a apenas uma colher de pau e um garfo... Esmaguem as bananas numa tigela (podem fazê-lo com um garfo mas eu prefiro o meu esmagador de batatas, que uso para fazer puré). Quando estiverem em puré, juntem a manteiga derretida e envolvam.

 

De seguida, juntem o açúcar, o ovo, a baunilha e o whisky (este último, se optarem por usar). Mexam tudo e adicionem as especiarias. Abusem pouco na noz moscada e no cravinho porque são sabores muito fortes. Basta só umas pitadinhas. Envolvam de novo.

 

Salpiquem o bicarbonato de sódio e o sal por cima da massa e mexam com a colher. Por fim, juntem a farinha de uma só vez e mexam apenas até ela ter desaparecido na mistura. Se mexerem demais o vosso bolo pode ficar mais pesado do que devia.

 

Coloquem a massa na forma, polvilhem o topo com açúcar (para formar aquela crosta boa) e levem ao forno por mais ou menos 50 minutos ou até um palito sair limpo quando espetado no centro. Se o bolo estiver a ficar demasiado tostado a meio da cozedura, cubram a forma com papel de alumínio.

 

Retirem do forno, deixem arrefecer completamente, desenformem e tentem não comer mais do que uma fatia de enfiada. É uma prova difícil.

Bolo de Arroz (para cortar à fatia)

É certamente um daqueles que todos nos lembramos de comer, de pequenos a graúdos, numa pastelaria lá do bairro. Comer o topo primeiro, tirar a faixa de papel e comer o resto. Este é o meu método mas há-de haver outros.

 

Há melhores, piores e muitos que provavelmente levam apenas uma amostra de farinha de arroz. Podemos até discutir se o bolo de arroz merece ter o estatuto de bolo obrigatório em qualquer café que se preze. Afinal, é só um simples pão-de-ló feito com farinha de arroz. Mas que cai bem em qualquer lanche, cai. E este aqui sabe tão bem como os individuais mas é para ser cortado à fatia.

 

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Ingredientes:

6 ovos

150 gr. açúcar (mais algum para polvilhar no topo do bolo)

150 gr. de farinha de arroz

60 gr. de manteiga à temperatura ambiente

1 c. chá de fermento em pó

1 c. sopa de whisky, vinho do Porto ou rum (ou nada, se não quiserem álcool)

 

Comecem por untar uma forma de bolo inglês com manteiga e por a forrar com papel vegetal. Se preferirem, podem usar uma forma redonda ou de buraco.

 

Aqueçam o forno a 175º/180º.

 

Batam a manteiga com o açúcar até obterem um creme fofo e, de seguida, vão adicionando as gemas, uma a uma, batendo entre cada adição. Guardem as claras numa tigela à parte. Adicionem o álcool (caso queiram usar) e batam um pouco mais.

 

Juntem à mistura de gemas a farinha de arroz e o fermento e envolvam até estar tudo bem ligado, sem bater.

 

À parte, batam as claras em castelo e envolvam com carinho na massa para que não percam o ar.

 

Deitem a massa na forma e polvilhem o topo com açúcar. Sejam generosos, que este açúcar é o que vai garantir aquela crosta doce típica do bolo de arroz.

 

Levem ao forno durante 35 a 40 minutos. Retirem quando estiver bem dourado e o palito sair limpo.

 

Deixem arrefecer, desenformem e devorem fatias gordas a acompanhar um chá ou um café.

Bolo de chocolate branco

Estão a ver aquela sensação de trincar um pedaço de bolo de chocolate denso, rico, suave como seda e com um topo ligeiramente crocante? Agora imaginem isso numa versão com chocolate branco e desmaiem.

 

Este bolo engana. Parece, à primeira vista, um pão de ló corriqueiro mas ao primeiro corte da faca e à primeira dentada se percebe que é algo completamente diferente. O sabor e a textura do chocolate branco derretido sobressaem e a amêndoa moída dá à massa ainda mais cremosidade.

 

Sirvam na companhia de framboesas ou de um gelado de frutos vermelhos para uma experiência ainda mais épica.

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Ingredientes:

140 gr. de chocolate branco

115 gr. de manteiga (à temperatura ambiente)

140 gr. de açúcar

85 gr. de farinha com fermento

35 gr. de amêndoa moída

4 ovos

1 c. chá de extrato ou pasta de baunilha

Açúcar em pó para polvilhar

 

Comecem por aquecer o forno a 180º e por untar com manteiga e forrar com papel vegetal uma forma redonda de fundo amovível.

 

Partam o chocolate em pedaços e derretam em banho maria. Enquanto isso, batam a manteiga com metade do açúcar (70 gramas) até terem uma mistura cremosa e fofinha. Entretanto o chocolate já deverá ter derretido. Retirem-no do lume e deixem que arrefeça por alguns minutos.

 

Separem as gemas das claras e juntem as gemas ao preparado de açúcar e manteiga, uma a uma, batendo sempre entre cada adição. Adicionem o extrato de baunilha e o chocolate derretido e batam até estar tudo ligado. De seguida, é tempo de juntar a farinha e amêndoa moída e envolver (não batam muito) até obterem uma massa homogénea.

 

À parte, batam as claras em castelo. Quando estiverem firmes, juntem aos poucos o restante açúcar (70 gramas) e batam bem até obterem um merengue firme e brilhante.

 

Envolvam as claras na massa, sem bater muito para não perderem ar.

 

Coloquem a massa na forma e levem ao forno durante 30 a 35 minutos, até um palito sair limpo. Se o bolo começar a ficar com o topo muito escuro a meio da cozedura, tapem a forma com folha de alumínio.

 

Retirem do forno, deixem que arrefeça uns quinze a vinte minutos, passem uma faca pelos lados do bolo para garantir que está solto e desenformem-no. Polvilhem com açúcar em pó para um efeito mais pomposo e sirvam depois de frio.

 

Bolo de Laranja e Amêndoa

Bolo de laranja é coisa básica. As avós, as mães, as tias e as filhas todas conseguem fazer um pão-de-ló com aroma a citrino. Mas este não é um bolo de laranja qualquer: estranhamente é feito com laranjas cozidas (sim, cozidas) e não leva farinha. Amigos intolerantes ao glúten, este é o vosso dia!

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 A receita tem por base uma célebre receita de Bolo de Clementina da Nigella Lawson. Com uma fácil pesquisa, conseguem encontrar a original que, aliás, diz-se, foi também a usada no bolo que Shirley MacLaine fez a Ben Stiller no filme «A Vida Secreta de Walter Mitty» (quem não viu que veja que é bem jeitoso).

 

Só experimentei esta versão com laranja mas, assim de repente, diria que funcionará bem com qualquer citrino (estou tentada a fazê-lo com limas).

 

Ingredientes:

375 gr de laranja (têm mesmo de pesar, precisei de mais ou menos uma e meia)

6 ovos

225 gr de açúcar

250 gr de amêndoa moída

1 c. chá de fermento em pó

 

Este bolo é tão fácil de fazer que até envergonha. Demora um pouco, porque é preciso cozer as laranjas antes de fazer o resto mas esse processo requer atenção zero.

 

Comecemos então por colocar as laranjas inteirinhas num tacho com água a cobri-las. Levamo-las ao lume, deixamos ferver e depois contamos duas horas. Terminado esse tempo, é desligar o lume e esperar que arrefeçam.

 

Quanto estiverem frias, cortem as laranjas ao meio, retirem os caroços e ponham (TUDO, casca e tudo) num liquidificador. Triturem até ficarem com uma pasta.

 

Entretanto, untem e forrem com papel vegetal uma forma redonda e aqueçam o forno a 180º.

 

À parte batam os ovos com o açúcar até a mistura ficar fofinha. Juntem a amêndoa triturada e o puré de laranja e batam bem.

 

Coloquem a mistura na forma e levem ao forno durante 30/40 minutos, até o palito sair limpo. Depois de uns 15 minutos no forno, cubram a forma com papel de alumínio para evitar que o bolo fique demasiado escuro no topo.

 

Esperem que arrefeça, desenformem e devorem.

 

Bolo de batata doce com merengue tostado

É tão bonito que até faz doer os olhos, este bolo de batata doce suculento com uma cobertura de merengue tostado digna dos de sangue azul. Podíamos fazer só o bolo sem a cobertura? Podíamos. Mas é o merengue que torna isto numa coisa majestosa em vez de se ficar apenas pelo estatuto de bolinho húmido para comer a acompanhar café.

 

Não é a receita mais simples do mundo (é preciso dar alguns passos) mas está ao alcance de todos os que tenham alguma paciência e um bocadinho (pequenino) de talento. A origem é do blog Smitten Kitchen e levou depois algumas alterações.

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Ingredientes:

(Para o bolo)

2 batatas doces grandes (ou 3 médias)

2 chávenas (250 gr) de farinha

2 c. chá de fermento em pó

1/2 c. chá de sal

1 c. chá de canela em pó

1/4 c. chá de gengibre em pó

1/2 chávena (115 gr.) de manteiga à temperatura ambiente

1 chávena (190 gr.) de açúcar amarelo

1/2 c. chá de extrato de baunilha

2 ovos grandes

 

(Para o merengue)

3 claras de ovo grandes

3/4 chávena de açúcar

1 pitada de sal

1/4 c. chá de vinagre ou sumo de limão

1/2 c. chá de extrato de baunilha

 

Primeiro que tudo, e podem fazer isto no dia antes de fazerem o bolo, é preciso assar as batatas. Coloquem-nas num tabuleiro forrado com papel de alumínio, piquem-nas com um garfo e levem-nas ao forno a 180º durante mais ou menos 45 minutos ou até estarem macias. Virem-nas uma ou duas vezes durante o processo para assarem uniformemente. Deixem que arrefeçam completamente. Podem guardá-las no frigorífico até ao dia seguinte, se der jeito.

 

Para o bolo, aqueçam o forno a 175º, forrem uma forma quadrada com papel vegetal e untem com manteiga. A seguir, descasquem as batatas doces e passem-nas por um passe vite ou, muito melhor, por um daqueles esmagadores de batata que se usam para fazer puré. Reservem o puré numa tigela. Não as triturem num robô de cozinha porque o resultado não vai ser o mesmo.

 

Noutra tigela, misturem a farinha, o fermento em pó, o sal, a canela e o gengibre. Ainda noutra tigela (esta receita deixa muitas tigelas para lavar) batam a manteiga com o açúcar louro com uma batedeira, até que a mistura fique leve e fofa. À mistura de manteiga e açúcar adicionem os ovos e a baunilha e batam até estar tudo envolvido.

 

Chega a hora de juntar a batata doce. Meçam uma chávena e meia do puré de batata e juntem à mistura anterior. Por fim, misturem os ingredientes secos até não sobrar qualquer pozinho. Se sobrar alguma batata, comam à colherada num momento de gulodice.

 

Coloquem a massa na forma, espalhando com uma espátula para ficar direitinha e levem ao forno durante 30/35 minutos, até um palito sair limpo do centro. No final, desenformem e deixem arrefecer completamente.

 

Entretanto, vamos ao merengue. Coloquem as claras, o açúcar, o sal e o vinagre ou sumo de limão numa tigela de vidro. Levem a tigela ao lume em banho maria (um lume muito gentil) e, enquanto está no lume, batam a mistura com uma batedeira durante uns três minutos, até que o açúcar tenha sido completamente dissolvido e as claras tenham aquecido. Nesta altura, retirem a tigela do lume e continuem a bater durante uns 5/7 minutos até o merengue estar bem sólido e brilhante. Misturem a baunilha e envolvam bem.

 

Estamos quase no fim. Falta só a decoração. Se não quiserem ser mariquinhas e usar um saco de pasteleiro, podem simplesmente colocar o merengue no topo do bolo com uma espátula e fazer uns picos meio irregulares. Eu coloquei uma primeira camada fininha com a espátula para que o restante merengue aderisse e depois usei um saco de pasteleiro para deixar a coisa com um ar mais armado ao pingarelho.

 

Finalmente, chegamos à parte de libertação de stress de todo o processo. Com um maçarico de pastelaria, tostei o merengue com movimentos suaves,  não encostando muito a chama para não queimar demasiado.

 

E pronto, depois disto tudo têm mais do que direito a comer imediatamente. O trabalho foi mais do que suficiente.

 

Uma nota final: Se não o quiserem fazer em casa, ele está na nossa ementa de encomendas gulosas.

 

Bolo de chocolate e morangos (com natas baunilhadas)

Não podia ignorar a gigante (e bonita) caixa de morangos que tinha lá em casa. Abri o frigorífico, eles olharam para mim e disseram-me com ar pedinchão: "a sério que nos vais comer só assim, não queres fazer alguma coisinha melhor connosco?". E eu tive de inventar qualquer coisa.

 

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Ainda não estamos no auge da época dos morangos mas já se encontram espécimes à altura para comer ao natural ou para fazer sobremesas primaveris.

 

Desta feita, fiz um pão de ló de chocolate muito leve (que se o bolo fosse denso, teríamos sobremesa demasiado pesada), recheei-o e cobri-o com natas aromatizadas com baunilha e coloquei no topo os gloriosos morangos.

 

Aproveitem também para experimentar esta receita com os próximos morangos que comprarem.

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Uma nota prévia: dividi a massa entre duas formas de 20 cm para fazer dois bolos e o resultado final ficou apenas com essas duas camadas altas mas podem perfeitamente cortar as duas camadas ao meio e acabar com um magnífico bolo de quatro camadas.

 

Ingredientes:

6 ovos

200 gr. de açúcar

85 gr. de farinha

85 gr. de amido de milho (farinha maizena)

2 c. chá de fermento em pó

40 gr. de cacau em pó

6 c. sopa de água a ferver

 

(Para o recheio e cobertura)

400 ml de natas para bater

2 c. sopa de açúcar

1 c. chá de pasta ou extrato de baunilha

500 gr. de morangos

1/2 chávena de açúcar + 2 chávenas de água (para a calda)

 

Comecem por untar com manteiga, forrar o fundo com papel vegetal e polvilhar com farinha duas formas redondas de 20 cm (podem usar uma forma grande e depois cortar o bolo mas a tarefa torna-se mais fácil cozendo logo em duas formas diferentes).

 

Aqueçam o forno a 180º.

 

Separem as gemas das claras. Numa tigela, batam as gemas com o açúcar até obterem um creme esbranquiçado e volumoso. A esta mistura juntem a farinha, o amido de milho e o fermento em pó e batam até estar tudo ligado. À parte, dissolvam o cacau na água a ferver e juntem esta mistura à massa do bolo.

 

Por fim, batam as claras em castelo bem firme e juntem-nas à restante massa, envolvendo com cuidado para não perderem muito ar.

 

Dividam a massa entre as duas formas e levem ao forno durante 20 a 25 minutos, ou até um palito sair limpo quando espetado no centro do bolo.

 

Enquanto os bolos cozem, façam a calda de açúcar que depois usarão para embeber o pão de ló. Levem ao lume meia chávena de açúcar com duas chávenas de água e, quando começar a ferver, contem cinco minutos. Desliguem o lume e deixem que arrefeça.

 

Quando os bolos estiverem frios, caso tenham subido muito, cortem o topo com uma faca serrilhada grande para que fiquem nivelados. Se tiverem uma cúpula nos bolos vai ser difícil empilhá-los.

 

Depois, embebam cada um dos bolos com a calda de açúcar usando um pincel de pastelaria. Sejam generosos, vai parecer que estão a pôr muita mas o bolo vai sugar a calda que lá puserem. Podem guardar num frasco a calda que sobrar e usar noutra ocasião.

 

Numa tigela batam as natas. Quando começarem a ficar firmes, juntem as duas colheres de açúcar e a pasta de baunilha e continuem a bater até obterem picos firmes (mas não deixem que se transformem em manteiga).

 

Agora vamos à montagem. Coloquem um dos bolos com a parte cortada para cima. No topo, coloquem natas, deixando uma margem de segurança já que, quando colocarem o outro bolo em cima, elas vão espalhar um pouco. Em cima das natas coloquem metade dos morangos cortados em quartos.

 

Em cima, com cuidado, coloquem o outro bolo (parte cortada para baixo, parte mais direita para cima). No topo coloquem de novo natas e morangos. Deixei alguns inteiros e com o pé para dar nas vistas e outros cortei em metades.

 

Guardem o bolo no frigorífico e comam fresquinho enquanto se lembram que a primavera já chegou.

 

 

Pão do Vaticano: A saga terminou

E ao sexto dia, fez-se o pão. A saga do pão do Vaticano de que vos tinha falado começou na segunda-feira e, como manda a receita, prolongou-se durante a semana, com ingredientes a juntar-se à festa todos os dias. No sábado cozeu-se o pão (que é bolo, não se deixem enganar pelo nome) e comeu-se.

 

O resultado final não desiludiu e, honrando as origens religiosas da receita (ainda que eu não me preocupe muito com isso), foi partilhado pela família.

 

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Já sabem que precisam que alguém vos passe uma porção da sua massa para começarem a receita mas, caso tenham algum amigo, familiar ou conhecido que esteja a aventurar-se nesta corrente culinária e consigam a amostra para se aventurarem também vocês, deixo-vos a receita que devem seguir.

 

A massa deve ser-vos entregue à segunda-feira (ou antes). Na segunda-feira coloquem-na numa tigela de vidro e cubram com um pano. Deixem a tigela na bancada da vossa cozinha ao longo de toda a semana. Devem mexer a massa sempre com uma colher de pau, nunca com talheres de metal ou com as mãos.

 

Segunda-feira: Juntem 250 gramas de açúcar. Não mexam.

Terça-feira: Juntem 250 ml de leite fervido e arrefecido. Não mexam.

Quarta-feira: Juntem 250 gramas de farinha. Não mexam.

Quinta-feira: Podem finalmente mexer tudo (com a colher de pau, não se esqueçam).

Sexta-feira: Juntem 250 gramas de açúcar, 250 gramas de farinha e 250 ml de leite fervido e arrefecido. Mexam tudo e dividam em quatro porções. Três delas devem ser colocadas em frascos para depois serem passadas às próximas vítimas. A quarta é para o nosso pão.

Sábado: À quarta porção juntem 250 gramas de farinha, meia colher de sopa de bicarbonato de sódio, uma colher de sopa de fermento em pó, 3 ovos e 250 ml de óleo.

 

Depois, sobre os ingredientes que faltam, a receita que me passaram indicava que se deviam juntar pedaços de maçã, meia colher de sopa de canela, três punhados de passas, raspas de chocolate e nozes picadas grosseiramente. Eu aldrabei um bocadinho porque o meu instinto de doceira me disse para o fazer (chocolate numa receita tão tradicional como esta não me pareceu nada bem).

 

Acabei por juntar então duas maçãs pequenas cortadas aos cubinhos, uma chávena de nozes picadas, meia colher de sopa de canela, meia colher de chá de gengibre em pó e meia colher de chá de erva doce em pó.

 

Coloquem a massa numa forma untada e polvilhada com farinha (pode ser de buraco, de bolo inglês ou redonda) e levem ao forno aquecido a 180º durante mais ou menos 45 minutos. Vão testando com o palito a partir dos 30 e se o bolo estiver a ficar muito escuro no topo cubram-no com papel de alumínio até cozer.

 

A cozinha fica com um aroma maravilhoso a especiarias. Desafio-vos a resistirem a comê-lo ainda quente.

Bolo de maçã épico

Não vejo melhor forma de descrever este bolo do que roubar uma frase usada por quem o provou: "Há coisas pelas quais não vale a pena quebrar uma dieta. Por esta vale.". É mais ou menos isto que é este bolo de maçã épico (não há mesmo melhor adjetivo para empregar no nome da iguaria). Diria mais, o bolo devia vir acompanhado de uma banda sonora ao nível de um "E Tudo o Vento Levou" para lhe fazer justiça.

 

A massa leva queijo mascarpone, o que a torna húmida e fofa de uma maneira quase pornográfica. O recheio e a cobertura de maçã, quando no forno, misturam-se com a massa, criando um caramelo do outro mundo.

 

Agora que pus as vossas expectativas lá em cima, vamos ao que interessa...

 

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Ingredientes:

2 chávenas de farinha (300 g)
2 colheres de chá de fermento em pó
1 colher de chá de canela em pó
1/4 colher de chá de sal
250 g de queijo mascarpone (à temperatura ambiente)
125 g de manteiga amolecida
1 chávena de açúcar (200 g)
1/2 colher de chá de extrato de baunilha
3 ovos
1/4 chávena de leite (60 ml)

(Para o recheio e cobertura)
4 maçãs grandes, descascadas, descaroçadas e fatiadas
Sumo de meio limão (grande)
1/2 chávena de açúcar
1/2 chávena de açúcar mascavado
4 colheres de sopa de farinha
2 colheres de chá de canela

 

Comecei por aquecer o forno a 180º e por untar, forrar com papel vegetal e polvilhar com farinha uma forma quadrada (usei uma daquelas para brownies, mas se preferirem podem usar uma redonda).

 

Numa tigela, misturei a farinha, o fermento e a canela. Noutra, com uma batedeira, bati a manteiga com o queijo mascarpone. Juntei a esta mistura o açúcar e o extrato de baunilha e bati bem até ficar fofinho (a mistura parece coalhar mas não estranhem porque, quando juntarem a farinha, a paz voltará a existir no mundo). Nesta altura é tempo de juntar os ovos, um a um, batendo entre cada adição.

 

Para terminar, envolvi neste preparado a farinha, o fermento e a canela, alternando com o leite (começando e acabando na farinha).

 

A massa está pronta, vamos às maçãs.

 

Numa tigela coloquei as maçãs fatiadas e juntei o sumo de limão, para não oxidarem. À parte, juntei os restantes ingredientes para o recheio e a cobertura (os açúcares, a farinha e a canela). Reservei umas duas colheres de sopa e a maioria adicionei às maçãs, envolvendo bem para ficarem todas cobertas.

 

A única coisa que falta fazer é pôr isto em camadas. Na forma, coloquei metade da massa espalhando bem para cobrir o fundo, depois metade da mistura das maçãs, com cuidado para não afundarem na massa. A seguir, basta colocar a restante metade da massa, espalhá-la com carinho, e, por fim, colocar no topo o resto da mistura das maçãs.

 

Antes de levar ao forno, salpiquei o topo com as duas colheres da mistura de açúcares, farinha e canela que tinha guardado.

 

Toca a meter no forno durante uns 35/45 minutos e tirar quando estiver douradinho e a borbulhar e um palito sair limpo do centro.

 

Tentem esperar uma meia hora antes de cortar quadrados e provar (eu nem me dou ao trabalho de desenformar, ali fica muito bem arrumadinho).

Os bolos mais fofinhos da fofosfera

Dei de caras com este blog num zapping culinário pela web. Não sou de todo anti-moda do cake design mas não é aquilo que me mexe com o coração. Sou mais moça para foodporn saboroso e rústico do que para bonequinhos bonitinhos em pasta de açúcar (mas tiro o chapéu a quem pratica a arte).

 

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Ora trabalho com creme de manteiga e saco de pasteleiro já é algo que me agrada mais. E estes bolos da Coco Cake Land são a coisa mais linda que me passou pelos olhos nos últimos tempos. É como se os livros da Planeta Tangerina tivessem ganhado vida em forma de bolo.

 

A Lindsay, a autora, é uma pasteleira autodidata canadiana que se dedica a tempo inteiro ao blog. Aceita encomendas mas muito poucas e passa mais tempo a explicar a quem quer aprender como faz os seus bolos.

 

Um dia destes - um dia de tempo e paciência - faço um bicharoco fofo em bolo.

 

Bolo preferido para mim que sou geek destas coisas: Totoro.

Luxo de lanche

A semana tem sido de férias caseiras, que viajar é só mais à frente. E férias não significam para mim largar a cozinha, pelo contrário.

 

 

Ontem, tive cobaias cá por casa e fiz um lanche luxuoso para dar a provar. O Pão Doce Especial do Quanto Mais Quente Melhor nunca falta para acompanhar um chá acabado de fazer mas, porque estava inspirada, atirei-me a outra coisa...

 

 

O Red Velvet Cake é um clássico americano a que tenho sempre alguma resistência porque não sou moça de usar corantes mas a verdade é que se me derem um cupcake red velvet da Hummingbird Bakery eu não recuso a prova. Convenhamos, o corante não tem nada que ver com o sabor ou textura finais do bolo que, por acaso, são extraordinariamente impactantes, mas seguindo a lógica "os olhos também comem", a verdade é que um bolo vermelho é coisa de encher a vista.

 

E pronto, ontem rendi-me e fiz esta beleza de cor rubi. Usei a receita do "Hummingbird Bakery Cookbook" (está no capítulo dos cupcakes mas tem instruções para transformar as dosagens nas perfeitas para este bolo) e fiz umas pequenas alterações. Deixar-vos-ei aqui a receita em breve.