Pão do Vaticano: A saga terminou
E ao sexto dia, fez-se o pão. A saga do pão do Vaticano de que vos tinha falado começou na segunda-feira e, como manda a receita, prolongou-se durante a semana, com ingredientes a juntar-se à festa todos os dias. No sábado cozeu-se o pão (que é bolo, não se deixem enganar pelo nome) e comeu-se.
O resultado final não desiludiu e, honrando as origens religiosas da receita (ainda que eu não me preocupe muito com isso), foi partilhado pela família.
Já sabem que precisam que alguém vos passe uma porção da sua massa para começarem a receita mas, caso tenham algum amigo, familiar ou conhecido que esteja a aventurar-se nesta corrente culinária e consigam a amostra para se aventurarem também vocês, deixo-vos a receita que devem seguir.
A massa deve ser-vos entregue à segunda-feira (ou antes). Na segunda-feira coloquem-na numa tigela de vidro e cubram com um pano. Deixem a tigela na bancada da vossa cozinha ao longo de toda a semana. Devem mexer a massa sempre com uma colher de pau, nunca com talheres de metal ou com as mãos.
Segunda-feira: Juntem 250 gramas de açúcar. Não mexam.
Terça-feira: Juntem 250 ml de leite fervido e arrefecido. Não mexam.
Quarta-feira: Juntem 250 gramas de farinha. Não mexam.
Quinta-feira: Podem finalmente mexer tudo (com a colher de pau, não se esqueçam).
Sexta-feira: Juntem 250 gramas de açúcar, 250 gramas de farinha e 250 ml de leite fervido e arrefecido. Mexam tudo e dividam em quatro porções. Três delas devem ser colocadas em frascos para depois serem passadas às próximas vítimas. A quarta é para o nosso pão.
Sábado: À quarta porção juntem 250 gramas de farinha, meia colher de sopa de bicarbonato de sódio, uma colher de sopa de fermento em pó, 3 ovos e 250 ml de óleo.
Depois, sobre os ingredientes que faltam, a receita que me passaram indicava que se deviam juntar pedaços de maçã, meia colher de sopa de canela, três punhados de passas, raspas de chocolate e nozes picadas grosseiramente. Eu aldrabei um bocadinho porque o meu instinto de doceira me disse para o fazer (chocolate numa receita tão tradicional como esta não me pareceu nada bem).
Acabei por juntar então duas maçãs pequenas cortadas aos cubinhos, uma chávena de nozes picadas, meia colher de sopa de canela, meia colher de chá de gengibre em pó e meia colher de chá de erva doce em pó.
Coloquem a massa numa forma untada e polvilhada com farinha (pode ser de buraco, de bolo inglês ou redonda) e levem ao forno aquecido a 180º durante mais ou menos 45 minutos. Vão testando com o palito a partir dos 30 e se o bolo estiver a ficar muito escuro no topo cubram-no com papel de alumínio até cozer.
A cozinha fica com um aroma maravilhoso a especiarias. Desafio-vos a resistirem a comê-lo ainda quente.