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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

O Pão do Vaticano também já chegou aqui ao estaminé

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Só para que não haver cá confusões: não sou supersticiosa (venham os gatos pretos e os espelhos partidos) ou religiosa. Nada mesmo.

 

Mas não sou moça para recusar uma nova receita e, como muita gente à minha volta anda a fazer o famigerado Pão do Vaticano, haveria de vir cá parar um frasquinho de massa.

 

Para quem nunca ouviu falar deste pão, que na realidade é mais bolo do que pão, ele é o resultado do que se pode chamar uma corrente culinária. A corrente diz que o pão traz boa sorte a toda a família, que quem coze o pão vê um desejo realizado e que se deve fazer apenas uma vez na vida. Não encontro a história sobre a origem da receita, apenas as experiências que as pessoas vão partilhando online, por isso, não vos consigo contar mais detalhes.

 

A receita deve começar-se à segunda-feira, a partir de um frasquinho com massa que um amigo vos entregou, ser feita ao longo da semana (todos os dias é preciso adicionar mais uns ingredientes) e terminar-se ao sábado com a cozedura do bolo, reservando três partes de massa para distribuir a outros três amigos.

 

"Tanta mariquice para fazer um bolo?", perguntam vocês. Verdade. Mas o processo, superstições e religiões à parte, tem o seu quê de comunitário e único e interessa-me por isso.

 

Já tenho cá o meu frasquinho. Segunda-feira começamos a festa.

Quando em Berlim...

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Andei por Berlim em trabalho nos últimos dias e não posso deixar de vos dar uma dica. Se passarem por lá e forem foodies, geeks da culinária ou de raça semelhante subam ao sexto piso do KaDeWe (o Harrods lá do sítio).

 

É um andar inteiro dedicado exclusivamente a coisas gourmet. Há para comer e beber no local, há para levar e comer, há para levar e cozinhar. A morte para um aficcionado destas coisas.

Adoçar a boca, de norte da sul do país

Para quem gosta destas coisas da comida, este belo livrinho é uma prenda jeitosa para o Natal que começa a aproximar-se. Eu passei por ele e não consegui esperar até que alguém mo oferecesse.

 

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"Doces da nossa vida - Segredos e maravilhas da doçaria tradicional portuguesa" tem muita História e muitas histórias sobre a nossa doçaria conventual e popular (sim, que o seu ator, Virgílio Nogueiro Gomes, faz bem a distinção entre o que nasceu ou não nos conventos). E tem muitas receitas de todos esses doces que crescemos a comer, uns mais do que outros, dependendo do sítio do país onde crescemos.

 

Vou acabar de devorar as histórias para depois, esperemos, devorar alguns dos doces na mesa deste Natal. Devorem vocês também.

Aventuras gastronómicas em NYC

Não quero voltar a esfregar isto na cara das pessoas porque é um golpe baixo mas acabei de voltar de férias e andei por Nova Iorque. Pronto, agora só vos vou esfregar na cara mais umas coisas boas que comi por lá, uma espécie de Top 3 (pelo menos da minha viagem) de coisas gulosas a não perder na Big Apple.

 

Lembram-se da minha batalha contra o Cronut? Pois é, acidentalmente e sem qualquer esforço acabei a comer um na Dominique Ansel Bakery, no Soho. "You were lucky, they're usually sold out by this time", lá nos disseram umas senhoras quando entrámos na pastelaria pelas 8h45, apenas esperando comer outra coisa qualquer e contemplar cronuts comidos por outros, e encontrámos - afinal - uma fila relativamente modesta e cronuts com fartura por vender.

 

E não é que vale a pena? Imaginem uma fartura que fez o amor com um croissant e deixou um donut juntar-se à festa. Pelo meio, um recheio que neste caso era de pera e salva (mudam todos os meses) e em cima uma cobertura de açúcar e limão. De morrer. Claro que ainda tenho dúvidas de que justifique as filas à porta às 7h da manhã. Mas lá que é bom, é.

 

 
Highlight número dois: jantar no 54 Below. É um daqueles restaurantes de produtor da Broadway, na cave do Studio 54. Parámos por lá para encher a barriga antes de ver a versão de palco de "Cabaret" (Michelle Williams como Sally Bowles, Allan Cumming como mestre de cerimónias, encenação do Sam Mendes, coreografia do Rob Marshall...ufa) em cena cá em cima no teatro.
 
 
O ar é de antigo speakeasy, formal na comida mas muito informal no serviço, no acolhimento e no dress code. Tem atuações todas as noites mas nós perdemo-las porque tínhamos de correr para o musical.
 
Provei estas coisas boas aqui em baixo e valeram o número final na conta. Podem ir à confiança.
 
 
Para arrumar o top, paragem obrigatória: um dos Alice's Tea Cup. Há três em toda a cidade, são uma casa de chá com brunch maravilhoso e chás de cair para o lado. Para além disso, cereja das cerejas no topo do bolo, uma decoração que, como o nome do estabelecimento indica, transforma o estaminé numa página de Alice no País das Maravilhas.

 

 

Escolhemos o chá para dois a fingir que era brunch. Vem servido à inglesa, num torre toda lindona e inclui um bule de chá, ovos escalfados, muesli com iogurte e dois scones...

 

...vamos demorar-nos aqui um pouco...O Alice's Tea Cup é quase lendário pelos seus scones. Todos os dias, há sabores diferentes, salgados e doces. Só provámos o de Mixed Berries e o de Chocolate and Salted Caramel mas pela prova podemos assegurar que devem ser todos de comer e chorar por mais. Vejam e babem-se. Prometo que parei por aqui.

 

Perdi a batalha contra o Cronut

Aposto que já ouviram falar no conceito pornográfico do "Cronut"? Não? O Quanto Mais Quente Melhor explica.

 

A invenção data de 2013, nasceu na Dominique Ansel Bakery, no Soho, em Nova Iorque, e desde então que se tornou no grande hype da pastelaria. O Cronut é, como é relativamente fácil perceber pela aglutinação, uma mistura entre um croissant e um donut. Massa folhada aparentemente maravilhosa em forma de donut, frita e coberta de açúcar e outras coisas boas, entenda-se.

 

Diz quem provou que é bem bom e claro que, para além da pastelaria onde a iguaria nasceu, já muitas outras devem vender versões semelhantes em Nova Iorque e noutros sítios do mundo.
Ora, esta que vos escreve, porque vai de férias na próxima semana, é uma moça de preceitos e o seu destino é precisamente Nova Iorque, achou que era giro provar um Cronut e decidiu tirar a morada da pastelaria para ver se lá ia. Meus amigos, pelo caminho, abri a caixa de Pandora e perdi uma guerra épica.
O site da Dominique Ansel Bakery explica detalhadamente o que fazer para se comer um Cronut. E perguntam vocês: "Mas esperem, esta agora acha que me vai ensinar a comer?". E digo eu: "Não, calma que já vão perceber onde eu estou a ir com isto".
Primeiro, regras básicas:
1. Só há um sabor de Cronut por mês;
2. É preciso comer o Cronut na hora senão supostamente perde qualidade;
3. Se o quiserem cortar ao meio, façam-no com uma faca de serrilha para não esmagar as camadas de massa folhada.
Tanta coisa para comer um bolo, digo eu?
Agora entramos no nível de demência: A produção diária dos Cronuts é muito limitada pelo que para conseguir um é preciso lutar (mesmo, aposto que há tareia à porta da pastelaria). Diz o site, que a fila de espera começa fora da pastelaria mais ou menos uma hora antes da sua abertura. Se chegarem num dia de semana pelas 7h da manhã devem conseguir um, ao fim de semana a coisa é ainda mais complicada, explica. Ah, e cada pessoa só pode comprar no máximo dois.
Mas parem tudo! É possível fazer uma encomenda online do Cronut para uma determinada data e, no dia marcado, chegar ao Soho, não ter de esperar na fila e comer o dito cujo encomendado. Parece fácil, não é? Isso queriam vocês!

O site abre todas as segundas-feiras às 11h em ponto, hora local, para encomendas a levantar dali a duas semanas. Está aberto apenas até o número limitado disponível de Cronuts esgotar.
Tentei uma primeira vez na semana passada. Tentei esta semana. Duas derrotas à grande.
À hora marcada, o tráfego no site deve ser tanto que demora uns 10 minutos a abrir e mesmo que, abrindo, ainda consigam seleccionar um ou dois Cronuts, no check out ficam tramados. "Someone beat you to the Cronut", dizem-nos como que a gozar com a nossa cara de falhado.
Dizem que o hype é tão grande, que há Cronuts a ser vendidos no mercado negro por preços que chegam aos 100 dólares (na pastelaria cada um custa 5 dólares).
Conclusão: Para o Diabo com o Cronut. Sou capaz de lá passar, mas vou entrar e calmamente comer um DKA, que diz que é tão bom quanto o Cronut e não dá maçada.

O Quanto Mais Quente Melhor tem nova cara...e gulosas encomendas

Como já podem ter reparado pelo fabuloso header "retro naughty" lá em cima e por este logo aqui feitos pela amiga Sara-a-Dias, o Quanto Mais Quente Melhor está de cara lavada. Tem um logótipo com uma Marilyn de avental e agora aceita encomendas.

 

Já podem ter em casa as coisas boas que vão vendo por aqui e alguma que não esteja mas vos apeteça muito. Podem desafiar-me que eu gosto dessas aventuras. O estilo não muda: sobremesas caseiras, mais retro ou mais mais modernas, que parecem ter sido feitas por uma daquelas senhoras das ilustrações com um avental aos quadrados e uma tarte a fumegar e, claro, sempre com o sabor das cozinhas das nossas avós.

 

Temos uma espécie de ementa fixa que, na verdade, não é mais do que um pseudo-guião que pode ser reescrito a qualquer momento. Tem uma selecção das melhores guloseimas que saem da minha cozinha, de bolos a tartes, com direito a biscoitos e doces de colher. E também está toda bonita, mais uma vez, graças à Sara-a-Dias.

 

Podem fazer as vossas encomendas sempre que quiserem através do e-mail quantomaisquentemelhor1@gmail.com.

 

Claro que vamos continuar a ter por aqui receitas novas (sim, não pensei que se livram da minha mania de ensinar) e que o Frederico vai continuar a escrever sobre coisas que comeu.

 

Mas, vamos ao que interessa. Ora vejam lá a nova ementa do Quanto Mais Quente Melhor e digam-me lá se não ficaram com água na boca:

ementa_quanto mais quente melhor.pdf

 

Uma amostra aqui:

Noite de Óscares tem de ter snacks

Os Óscares são ritual anual para muita gente. Para mim, porque noite de prémios da Academia é também noite de trabalho, a rotina passa por ficar sempre acordada com a televisão a passar a cerimónia, o computador no colo e uma manta por cima das pernas. Deito-me sempre muito para lá da cerimónia ter terminado, já as estrelas devem andar nas after parties lá do sítio a exibir as estatuetas que ganharam ou a afogar as mágoas da derrota em copos de champanhe caro.

 

Mas para acompanhar esta tradição, há outra que não pode falhar. É que para o sono não se vir meter connosco, é preciso ter por perto umas iguarias porreiras e café bem forte. E todos os anos, uso o fim de semana dos Óscares para testar guloseimas que se possam comer à mão, sem exigir parar o trabalho para as trincar.

 

Este domingo, vou experimentar estas coisas bonitas que encontrei no FoodGawker. Depois volto à conversa convosco para: 1. Dizer-vos se serviram para manter o sono afastado; 2. Contar-vos passo a passo a receita.