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Quanto Mais Quente Melhor

Doces com coração (e umas coisas salgadas pelo meio). Food porn descarado da cozinha (e das viagens) de uma jornalista doceira.

Tarte de Espargos e Queijo da Ilha

Sou uma espargófila convicta, mais aficcionada dos verdes do que dos brancos. Gosto deles salteados, cozidos a vapor, em tartes, em tudo o que possa fazer sentido. Mas nesta tarte, mesmo quem não gosta muito deles vai tornar-se fã.

 

Fiz esta receita numa forma rectangular pipi mas podem fazê-la em qualquer tarteira que tenham em casa.

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Ingredientes:

1 base de massa folhada congelada

1 molho de espargos

3 ovos

1 pacote de natas de soja light

150 gr de queijo da ilha ralado

Sal, pimenta e noz moscada q.b.

 

Comecem por deixar descongelar a massa folhada à temperatura ambiente durante 20/30 minutos. Estendam a massa à medida da forma e forrem-na com cuidado. Piquem a massa com um garfo e coloquem-na no frigorífico enquanto fazem o recheio.

 

Aqueçam o forno a 175º.

 

Arranjem os espargos, cortando as extremidades (se tentarem dobrar o espargo, ele parte pelo sítio adequado mas também podem cortar as pontas com uma faca) e ponham-nos um bocadinho à espera.

 

Numa tigela, batam os 3 ovos com as natas de soja e adicionem 100 gr do queijo ralado. Temperem a mistura com sal, pimenta e noz moscada.

 

Tempo de retirar a massa do frigorífico. Deitem o recheio líquido para dentro da tarteira e arrumem por cima, em fila indiana, os espargos.

 

Polvilhem o resto do queijo da ilha no topo da tarte e levem ao forno durante uns 40/45 minutos ou até estar bem douradinha por cima.

 

Retirem, deixem arrefecer até estar morna e comam fatias generosas acompanhadas de uma salada. Um almoço perfeito, não acham?

 

Tarte Bakewell (de amêndoa e compota de morango)

Esta tarte é coisa comum nas montras britânicas. Nasceu na região de Derbyshire mas vende-se por todo o país em várias versões: há pequeninas para um momento solitário de gulodice, há grandes para cortar à fatia, há com e sem cobertura de açúcar ou com vários tipos de compota.

 

A base de massa doce abre caminho para uma camada de compota e, por cima, a massa frangipane (feita com amêndoa moída, manteiga, ovos e açúcar) cobre a cor rosa do doce. A terminar, amêndoas laminadas.

 

Eu fiz a minha para partilhar em fatias de camadas perfeitamente alinhadas e usei a compota de morango que tinha feito há uns dias.

 

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Ingredientes:

(Para a base)

175 gr. de farinha

75 gr. de manteiga fria cortada aos cubos

30 gr. de açúcar em pó

2 a 3 colheres de sopa de água bem fria

 

(Para o recheio)

125 gr. de manteiga

125 gr. de açúcar

125 gr. de amêndoa moída

1 ovo batido

50 gr. de amêndoa laminada

4 a 5 colheres de sopa de compota de morango (o suficiente para cobrir generosamente o fundo da tarte)

 

Comecemos pela massa: numa tigela, coloquem a farinha, o açúcar em pó e a manteiga e, com as pontas dos dedos, vão esfregando tudo até terem uma mistura parecida com migalhas. Juntem depois a água e misturem com as mãos até tudo ficar bem unido.

 

Estendam a massa numa superfície enfarinhada e forrem com ela uma tarteira de 20 cm previamente untada com manteiga. Levem a tarteira ao frigorífico por 30 minutos.

 

Entretanto, aqueçam o forno a 180º. Quando os 30 minutos tiverem passado, é tempo de cozer a massa sem recheio. Retirem a forma do frigorífico, coloquem papel de alumínio ou papel vegetal por cima da massa e, no topo do papel, feijões secos (ou se tiverem aquelas pedrinhas que se compram nas lojas de pastelaria, usem-nas). Este processo impede que a massa cresça no centro durante a cozedura.

 

Levem a tarteira ao forno durante 15 minutos. Passado este tempo, retirem os feijões e o papel e coloquem a massa de novo forno por mais 5 minutos, até começar a tostar. Retirem e deixem arrefecer.

 

Enquanto isso, vamos ao recheio. Derretam a manteiga, juntem-lhe o açúcar e mexam até estar dissolvido. Adicionem depois a amêndoa moída e o ovo batido e envolvam bem.

 

Com a massa já fria, espalhem a compota no fundo da tarteira. Cubram depois com a massa de amêndoa (se ficar um bocadinho de compota a espreitar de lado não há mal algum).

 

Por fim, espalhem as amêndoas laminadas no topo e levem de novo ao forno por cerca de 35 minutos. Se as amêndoas começarem a tostar demais antes do tempo, cubram a vossa tarte com papel de alumínio.

 

Retirem a tarte do forno, deixem que esfrie por uns 15 minutos e só depois devem desenformá-la.

 

Saboreiem-na com um muito britânico chá preto (ou com qualquer bebida portuguesa que vos apeteça mais, ninguém vos leva a mal).

Tarteletes de Compota (com a que bem vos apetecer)

Só me faltaram o cestinho de piquenique e o vestido de xadrez para completar o cenário ao lado destas Tarteletes de Compota. Receitas de tarteletes semelhantes a estas não faltam. Usei como base uma receita de uma revista que andava lá por casa e, claro, fiz umas aldrabices à Quanto Mais Quente Melhor para, no fim, ficar com o resultado que veem aqui em baixo.

 

A boa notícia é que, para as poderem devorar, só têm de ter um bocadinho de paciência para fazer e estender a massa (pouca, nada de mais). Sim, fiz batota e usei compotas que tinha lá para casa já feitas, que a vida é curta de mais.

 

Mas valem o sacrifício...

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Ingredientes:

250 g de farinha (mais alguma para estender a massa)

250 g de açúcar em pó

125 g de manteiga (fria, cortada aos cubos)

1 pitada de sal

1 ovo grande

Raspa de uma laranja, limão ou lima (é à vontade do freguês)

Compota a gosto (1 c. chá cheia por tartelete, usei de morango, alperce e lima/limão)

 

Eu adoro o meu robô de cozinha, dá um jeitão para estas massas que parecem complicadas mas que afinal só precisam da ajuda dele. Comecem por atirar para dentro do robô a farinha, o açúcar, a manteiga e o sal. Liguem a máquina até terem uma mistura com a aparência de migalhas. Nesta altura, coloquem lá dentro a raspa (no meu caso, de laranja) e o ovo. Liguem novamente o robô até a massa começar a unir-se. Se acharem que está demasiado seca, juntem um pouco de leite. A minha não precisou, estava no ponto.

 

Depois disto, a massa precisa de descansar uns 30 minutos no frigorífico. Passado esse tempo, aqueçam o forno a 180º e untem formas de tarteletes com manteiga. Eu tenho duas, uma com 12 orifícios e outra com seis, mas usei também umas forminhas de pastel de nata. Uma forma de muffins também serve. Se tiverem só uma, não há problema, basta cozerem as tartes em várias fornadas.

 

Tirem então a massa do frigorífico e estendam-na com o rolo da massa sobre uma superfície enfarinhada até ter mais ou menos meio centímetro de espessura. Depois, com um cortador de bolachas redondo, ligeiramente maior do que os orifícios das formas, cortem círculos na massa. Com jeitinho, coloquem-nos nas forminhas e vão enchendo um a um com uma colher de chá da vossa compota favorita.

 

Ora finalmente, é tempo de cozer as pequenas no forno durante cerca de 15 minutos, até a compota estar a borbulhar e a massa estar bem dourada.

 

No final, retirem-nas do forno, deixem que arrefeçam nas formas durante uns 15 minutos e, depois, com cuidado, desenformem-nas. No fim disto, provadas as tarteletes, garanto que toda a gente vos vai dar o prémio de melhor dona de casa do bairro (ou dono de casa, que homem também tem direito).

Há tartes...e tartes

Se forem tão fãs de tartes como eu, esta lista do Buzzfeed vai animar o vosso dia cinzento.

 

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Havendo um bocadinho de tempo entre mãos, fazer uma tarte de raiz (sem batota com massa pré-comprada) pode ser uma conquista culinária para recordar. Com base e topo ou só com base, há sempre maneira de dar um toque pessoal à fiel amiga.

 

Espreitem as sugestões do Buzzfeed e atrevam-se a experimentá-las (ou a arriscar outras que vos apeteça usar).

Morangos, mascarpone e chocolate...

...o que se pode pedir mais?

 

Foi este o resultado da minha vontade de fazer alguma coisa com frutos vermelhos para brindar a chegada do sol. Uma deliciosa tarte de morangos e mascarpone com crosta de chocolate que é também a nossa proposta especial para mimarem o papá no Dia do Pai (sim, sim, não se esqueçam de que já está aí à porta).

 

 

Por 15.00 podem dar um presente original ao vosso pai e, de caminho, comer uma fatia também. No Quanto Mais Quente Melhor, já sabem, não há cá bolos azuis com gravatas, há sobremesas pecaminosas até não poder mais.

 

Façam a vossa encomenda desta tarte através do mail quantomaisquentemelhor1@gmail.com

Canção (com pastéis) de Lisboa

São quase tão emblemáticos para a cidade de Lisboa como o filme de Cottinelli Telmo ainda hoje é, e que ninguém se atreva a chamar-lhes pastéis de nata ao pé de um lisboeta purista. São de Belém, meus amigos. Dispensam apresentações...

 

Como eu gosto de arreliar pessoas, pego na tradição, trago-a para casa, e simplifico-a. Esta maravilha aqui em baixo não requer uma saída de casa até às intermináveis filas da mítica pastelaria de Belém e não fica nada atrás dos originais. Simplesmente come-se ...à fatia.

 

 

 

Um pastel de nata king size que, tanto faço com a tradicional massa folhada, como transformo em Pastel Bom Bocado mudando a massa de base. E mesmo que tenha de se suportar uma dor de barriga depois de o provar, não há melhor que o comer à saída do forno...

Quanto mais ácida melhor

Aqui, a máxima deste nosso blogue não se aplica. Não a provemos quanto mais quente melhor, o título que roubámos ao filme de Billy Wilder. Comamo-la, isso sim, quanto mais fresca melhor, quanto mais ácida melhor.

 

É a acidez irremediável que caracteriza a tarte de limão que esta vossa amiga assina. Com aquele ácido de fazer fechar os olhos de quem a prova e não sabe ao que vai. É assim mesmo que ela se quer.

 

 

 

 

Ingrediente base: Limões. E cá em casa nunca há (quase nunca) episódios semelhantes ao que causou a ruptura às personagens de Jennifer Aniston e Vince Vaughn em «Separados de Fresco». Ela pede-lhe para levar para casa doze limões. Ele leva três. O resto é história.

 

Mas o homem cá de casa sabe bem seguir seguir indicações e traz (8 out of ten times) as compras certinhas.

 

Base de massa caseira, amassada com o vigor de tempos antigos. Recheio sem o habitual leite condensado que já ninguém dispensa na tarte de limão. Eu dispenso.

 

Cobertura do mais pomposo merengue, com picos a pedirem para ser arrancados. Uma delícia de amarelo radiante.

Em busca da tarte de banana perdida

 

Há já alguns anos que o trabalho me leva até Espinho em Novembro. O motivo? A romaria Cinanima, o festival de cinema de animação que, por aquelas alturas, põe a terra a mexer. Mas, para muitos, o Cinanima é uma boa desculpa para se comer bem e MUITO barato. A lista de restaurantes competentes é variada mas não há nenhum que supere o nível rústico da Casa Floro.

 

Uma tasca à antiga portuguesa, com naperons e bibelots em todos os cantos. A servir-nos, um senhor cuja atitude se faz daquela simpatia abrupta tão característica dos portugueses. No prato, comida da mais caseira que há, sempre a fumegar, em doses que vão desde os 3 euros e tanto até aos 7/8.

 

Mas a pièce de résistance chega no fim. Numa das salinhas da acolhedora tasca há uma montra que esconde o segredo mais bem guardado da casa. Uma montra que agrupa algumas das melhores sobremesas que quase todos os que por lá passam reconhecem ser das mais inconfundíveis que alguma vez lhes passaram pelo palato. E todos arriscam, como nas melhores sagas aventureiras do cinema, quais Indiana Jones ou Jack T. Coltons à mesa no Norte de Portugal.

 

As sobremesas são da responsabilidade de uma só senhora e ela aconselha os indecisos. À falta de decisão, arranja-se uma mistura de várias.

 

(Quase a chegar ao tema da tarte de banana...)

 

Tudo isto para chegar onde queria. Entre a lista de sobremesas divinas há uma que há uns tempos me assombrava. Uma tarte de banana com leite condensado que eu não sabia se era criação original da chef da casa ou se viria de outras bandas. No regresso a Lisboa, também eu me aventurei numa busca pela receita da dita cuja. E não demorei muito a encontrá-la.

 

Afinal, e para espanto da minha santa ignorância, é sobremesa corriqueira no Reino Unido e chama-se Banoffee Pie. Comeu-se cá em casa este fim-de-semana e houve choradinho por mais...

 

Not american, but still a pie

Aviso à navegação: Não temos qualquer complexo com a língua portuguesa. Se os títulos dos dois primeiros posts deste blogue estão em inglês foi apenas porque as circunstâncias assim o exigiram. O petisco de que vos vou falar estava mesmo a pedi-las.

 

Como já perceberam pelo layout em anexo, por aqui há gosto pela arte culinária mas há também alguma versão a esse conceito budista designado por «paciência». Há dias em que, por mais que apeteça arregaçar as mangas e fazer tudo para colocar na mesa algo surpreendente, não há paciência para fazer uma massa de raiz.

 

É por isso que foram inventadas as óptimas bases de massa folhada, massa quebrada e por aí fora. Não são caseiras? Não. Mas olhem que disfarçam bem. E servi-me delas há uns dias.

 

Propus-me a fazer uma enorme empada de carne para servir ao almoço e acompanhar com uma salada com cheiro a Verão. O resultado foi este:

 

 

 

 


 

E não tem nada de complicado. Senão vejam:

 


 

- 2 bases redondas de massa folhada (se preferirem outro tipo de massa, atrevam-se)

- 400 gr de carne picada

- Alguns tomates maduros ou uma lata de tomate aos pedaços

- 1 cebola grande

- 1 mão cheia de pickles picados

- 2 ovos cozidos

- sal, pimenta preta, cominhos (ou qualquer outra mistura de ervas ou especiarias que vos despertem os sentidos quando confrontadas com a carne)

- Azeite (cerca de 2 colheres de sopa)

 


 

Agora, mãos na massa (ou não). Começamos então por um refogado com a cebola picada, até ficar dourada. Depois juntamos os tomates aos pedaços e, se não forem muito fãs de acidez, juntem uma colherzinha de açúcar (truque infalível).

 

Depois de um ou dois minutos ao lume, é altura de pôr a carne nesta dança, mexendo bem para não criar aglomerados. Depois de alourada, resta juntar os ovos cozidos aos pedaços, os pickles e os temperos. 20 minutos de lume brando devem ser suficientes para a carne estar cozinhada.

 


 

De seguida, seguimos para a montagem da peça. Uma base de massa folhada em cima de um tabuleiro raso forrado com papel vegetal e o recheio no meio deixando uma margem de segurança para ser possível colocar a massa do topo.

 

Servimo-nos do pincel de cozinha para pincelar as margens com um pouco de água e colocamos a segunda base de massa folhada em cima, colando uma à outra com os dedos e depois pressionando com um garfo para ficar bem presa. Aconselhável é também fazer furos no topo com um garfo para o ar sair durante a cozedura.

 


 

Já bem perto do fim, basta pincelar o topo com um ovo batido e levar ao forno (180º) durante mais ou menos 20/30 minutos até a massa ficar reluzente.

 


 

E porque a relação com os filmes ficou apenas no título do post, é altura de a recuperar. A minha empada gigante fica desde já baptizada como American Pie.